Manifestantes gregos queimaram uma bandeira da Alemanha e outra com uma suástica, alusiva ao regime nazi, num protesto que decorreu em frente ao Parlamento. Em dia de greve, os sindicatos da Grécia lutam contra os cortes dos salários e as políticas de austeridade adicional, que a troika impõe, com pressões da Alemanha.
Perante centenas de pessoas, e apesar do tempo chuvoso, os manifestantes queimaram a bandeira germânica e o símbolo da Alemanha nazi, gritando palavras de ordem contra o país liderado por Angela Merkel.
Esta atitude dos gregos surge em retaliação pelo facto de a Alemanha ter insistido com o Governo de Lucas Papademos, para que adote novas medidas de austeridade, sob pena de, se não o fizer, ficarem retidas as as verbas previstas para os gregos, no âmbito do acordo de resgate. Sem esta ajuda, a Grécia entrará provavelmente em incumprimento.
As tensões entre a Alemanha e Grécia estão a aumentar desde o momento em que a alemã propôs retirar a soberania financeira aos gregos, dadas as dificuldades de controlo orçamental. O plano de Angela Merkel não mereceu aprovação, mas os gregos sentiram sinais de que a Alemanha pretende assumir o controlo da Zona Euro.
Em consequência deste facto, perante desemprego elevado e com fantasmas de austeridade adicional, milhares de trabalhadores gregos estão em greve e manifestaram-se em Atenas contra as mais recentes medidas de austeridade impostas pelo Governo, que tenta cumprir as regras impostas pelos credores internacionais e as diretivas traçadas por Merkel e Sarkozy.
Alguns manifestantes arremessaram pedras em direção à polícia, junto ao Parlamento. As autoridades reagiram, disparando gás lacrimogéneo contra os manifestantes, recorrendo a m bastões para travar o protesto.
Os principais sindicatos da Grécia e as entidades patronais estão a rejeitar os planos de austeridade adicional do Governo helénico, que pretende aplicar mais cortes salariais, para conseguir cumprir os acordos que celebrou, tendo em vista o plano de resgate do país.
Semanas de negociações foram insuficientes para que a Grécia conseguisse chegar a acordo com as grandes instituições financeiras internacionais, tendo em vista um perdão de cerca de 100 mil milhões de euros, metade da dívida do país aos credores.
O Governo de Lucas Papademos pretende agora acertar os pormenores para um novo um pacote de ajuda, de 150 mil milhões de euros, negociado com União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. Mas está pressionado pelo tempo e pelas greves.
A Grécia está pressionada pela dívida e corre riscos de entrar em incumprimento no próximo mês. O ‘default’ grego poderia desencadear um processo de contágio a outros países da Europa, como Portugal, Espanha, ou Itália, o que, segundo alguns analistas, poderia pôr em causa o projeto europeu.
O primeiro-ministro Lucas Papademos, que tem de lidar ainda com o problema do desemprego na Grécia, esteve reunido com credores da União Europeia e do FMI.