O conjunto dos 24 bancos a operar em Portugal somou prejuízos superiores a 1,5 mil milhões de euros desde janeiro até setembro. Apesar disso, é “uma resposta notável ao conjunto de desafios que a banca tem enfrentado”, como explica Faria de Oliveira.
Em Portugal, os 24 bancos dividem-se entre os que dão lucro e os que dão prejuízo, mas quando somadas todas as parcelas o resultado torna-se negativo: entre 1 de janeiro e 30 de setembro, a banca portuguesa registou um prejuízo global de 1,55 mil milhões de euros, de acordo com os dados hoje publicados no site do Banco de Portugal.
Isto porque o valor obtido pela metade dos bancos que dão lucro (12 instituições) fica muito distante dos prejuízos acumulados pela restante metade (outras 12): só cinco bancos – BCP, BES, CGD, Banif e Montepio – apresentaram perdas superiores a 1,7 mil milhões de euros, isto nos primeiros nove meses do ano.
O BCP é o líder destacado entre os bancos que perdem valor, com 597 milhões de euros, sendo acompanhado a alguma distância pelo BES (381 milhões de euros). CGD, Banif e Montepio apresentaram, cada qual, prejuízos superiores a 200 milhões de euros. Entre os que têm as contas a vermelho, o BIC é quem mais se aproxima do ‘break even’, com 850 mil euros de prejuízo.
Ao invés, o BPI foi quem criou mais valor nos primeiros nove meses do ano: 72,7 milhões de euros. Seguem-se o Santander Totta (60,5 milhões) e o BiG (42 milhões de euros), numa lista em que o último lugar pertence ao Banco Rural Europa, com lucros de 1,1 milhões de euros. Os 12 bancos com contas positivas deram ‘apenas’ 241 milhões de euros de lucro.
Nesta análise faltam instituições que, apesar de legalizadas para operar em Portugal, não têm de comunicar os resultados trimestrais, como acontece com o Barclays Portugal e o Deutsche Bank.
Ainda antes destes resultados serem conhecidos, já os responsáveis pela banca portuguesa alertavam para o que veio a suceder-se: os prejuízos têm sido habituais no setor desde que Portugal pediu o resgate à troika. “É difícil fazer uma previsão de quanto mais tempo poderão demorar os prejuízos”, explicara, na semana passada, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Faria de Oliveira.
“Os anos de 2011 a 2015 vão ser difíceis em termos de rentabilidade”, reforçara o dirigente da APB, considerando que os números não são tão maus como aparentam: “a banca portuguesa tem tido uma resposta notável ao conjunto de desafios que a banca tem enfrentado”.