Economia

Banco de Portugal mantém previsão de crescimento este ano mas desce para 2020

O Banco de Portugal manteve hoje a sua previsão de crescimento económico para 2019, em 1,7 por cento, mas desceu em uma décima a estimativa para 2020, antecipando uma recuperação do investimento.

No Boletim Económico de março, hoje divulgado, o banco central antecipa que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 1,7 por cento este ano – depois da expansão de 2,1 por cento em 2018 -, a mesma previsão que no boletim de março, mas reviu em baixa para 1,6 por cento a estimativa para 2020, menos 0,1 pontos percentuais face à anterior projeção.

Para 2021, o BdP manteve a estimativa de 1,6 por cento.

“A projeção para a evolução do PIB em 2020 foi revista ligeiramente em baixa, reflexo do enquadramento internacional”, lê-se no relatório hoje divulgado.

“O crescimento da economia portuguesa deverá ser, em média, um pouco superior ao do conjunto da área do euro, mantendo o processo muito gradual de convergência real. Ainda assim, em 2021, estima-se que o PIB per capita português se situe em cerca de 60 por cento da média da área do euro, valor ligeiramente inferior ao do início da união monetária”, adianta o BdP.

A instituição liderada por Carlos Costa antecipa que o contributo da procura interna para o crescimento do PIB será superior ao das exportações, o que se traduzirá num saldo negativo da balança de bens e serviços, depois de um período de saldos positivos.

O BdP antecipa que o consumo privado cresça 2,6 por cento este ano, ligeiramente abaixo dos 2,7 por cento previstos em março, e depois de crescimentos em torno de 2,4 por cento nos últimos anos.

O banco central explica que “o aumento estimado para 2019 está associado à evolução favorável do rendimento disponível real das famílias, resultante do crescimento do emprego e dos salários nominais, incluindo o salário mínimo, do avanço contido dos preços e das medidas orçamentais com impacto positivo no rendimento familiar”.

Já em 2020 e 2021, o consumo privado desacelerará, apresentando crescimentos de 2 por cento e 1,7 por cento, face às anteriores previsões de 1,9 por cento e 1,6 por cento, respetivamente, “reflexo do abrandamento do rendimento disponível real”.

Para as exportações, a instituição liderada por Carlos Costa antecipa um crescimento de 4,5 por cento em 2019, acima dos 3,8 por cento previstos em março, “apesar da desaceleração da procura externa dirigida à economia portuguesa”.

E o BdP explica que “esta subida tem implícitos ganhos adicionais de quota de mercado, associados às exportações de bens não energéticos e de turismo”.

Para 2020, o banco central antecipa uma desaceleração do crescimento das exportações para 3,1 por cento, abaixo dos 3,7 por cento previstos antes, e, para 2021, o BdP espera que as exportações aumentem 3,4 por cento, abaixo dos 3,6 por cento estimados em março.

O banco central indica que se antecipa uma evolução inferior à observada nos últimos anos, “refletindo a maturação do ciclo económico nos principais parceiros comerciais de Portugal e menores ganhos de quota”, e acrescenta que “após o crescimento significativo dos últimos anos, as exportações de turismo deverão abrandar em 2020-21”.

Já a previsão para as importações este ano foi revista em forte alta, antecipando agora o BdP um aumento de 8 por cento face aos 6,3 por cento previstos em março, “influenciado pelo forte crescimento verificado no primeiro trimestre”.

Já para 2020, o BdP antecipa uma desaceleração para um aumento de 4,3 por cento das importações (4,7 por cento em março) e, para 2021, uma nova aceleração para 4,4 por cento (4,1 por cento em março).

Relativamente ao investimento, o banco central antecipa que deverá continuar a recuperar, com algum abrandamento até ao fim do período de projeção.

Assim, depois de um crescimento de 4,4 por cento em 2018, a formação bruta de capital fixo (FBCF), ou seja, o investimento, registará aumentos anuais de 8,7 por cento, 5,8 por cento e 5,5 por cento até 2021, ano em que o nível se deverá situar ainda abaixo do verificado antes da crise financeira internacional, prevê o BdP.

No anterior boletim de março, o banco central estimava um aumento inferior do investimento este ano, de 6,8 por cento.

Já o investimento empresarial deverá atingir o nível pré-crise no final de 2019, enquanto “o investimento público terá um crescimento significativo nos próximos anos, refletindo, em parte, o recebimento de fundos comunitários”, antecipa o BdP.

A instituição liderada por Carlos Costa explica que o crescimento da economia previsto no quadro temporal em análise reflete a maturação do ciclo económico, comum a outras economias da zona euro, e constrangimentos a um maior crescimento potencial.

De acordo com o banco central, os principais constrangimentos ao crescimento económico são a evolução demográfica adversa, o elevado nível de endividamento do setor público e privado, o baixo nível de capital por trabalhador e a baixa escolaridade da mão de obra.

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