Economia

Banco de Portugal: Consumo privado sofre queda histórica

As medidas de austeridade impostas devido ao programa da ‘troika’ já estão a trazer consequências nefastas para a economia portuguesa. No mês passado, o consumo privado em Portugal teve uma queda de 3,4 por cento, a maior desde que se começou a registar a evolução do consumo nas famílias portuguesas, em 1978.

Segundo o Banco de Portugal (BdP) nos indicadores de conjuntura, o consumo privado assinalou uma diminuição de 3,4 por cento, no mês de julho. É a oitava vez consecutiva que o consumo privado em Portugal desce. Estes dados refletem com toda a clareza os efeitos das medidas de austeridade impostas pelo governo, devido ao pedido de ajuda externa.

Esta queda do mês passado chega a ultrapassar o verificado em 1984, ano em que Portugal esteve sob mediação do FMI. Também neste ano o consumo das famílias portuguesas desceu várias vezes, mas nunca atingiu os valores do mês passado.

O aumento de impostos e outras medidas têm impacto direto no rendimento disponível pelos portugueses e já os levaram a travar o consumo. No entanto, a situação tende a agravar-se, pois tomaram-se ainda mais medidas de austeridade depois do mês de julho.

Entre elas temos o aumento dos transportes públicos de em média 15 por cento, em agosto, o IVA da eletricidade e do gás irá aumentar de 6 para 23 pontos percentuais, em outubro e, no Natal, quem tiver um vencimento superior ao salário mínimo irá perder metade do ordenado.

Desde o início deste ano, que a economia portuguesa tem vindo a descer, tendo como justificação a queda do consumo privado. No segundo trimestre deste ano, o PIB português caiu 0,9 pontos, em termos homólogos, um facto que o INE fundamentou com a diminuição do consumo e também do investimento.

Segundo as previsões da ‘troika’, o PIB português poderá sofrer uma queda de 2,2 por cento, ainda este ano. Os dados anunciados pelo Banco de Portugal mostram que o desempenho negativo da economia portuguesa acentuou-se no arranque do terceiro trimestre.

A atividade económica segue os mesmos passos e está em queda desde fevereiro. O indicador coincidente da atividade económica apresentou uma queda de 1,6 por cento na taxa de variação homóloga, no mês passado, a mais intensa desde 2009. Em junho, este indicador caiu 1,3 por cento.

No entanto, as quebras atuais são menos intensas do que as verificadas na recessão de 2009, em que o indicador diminuiu dois pontos percentuais durante seis meses contínuos.

De modo a mostrar a queda de consumo em Portugal, o Banco de Portugal apresentou a queda de 6,1 nas vendas a retalho no segundo trimestre, bem como a diminuição de 17,1 pontos das vendas de cimento das empresas nacionais para o mercado interno. A quebra de 29,6 por cento nas vendas de veículos comerciais ligeiros demonstra a queda no investimento.

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