Bagão Félix: “Rating do futebol seria lixo”

O futebol português, se fosse avaliado por agências de notação financeira, teria um rating de “lixo”, avisou Bagão Félix. A culpa é dos clubes, que insistem nos “insultos diários”.

Na opinião semanal que concede à TSF, o economista abordou a transformação do futebol de um desporto numa “indústria”, ao ponto dos 700 clubes do principal escalão nos países da UEFA terem gerado um crescimento de receitas próximo dos dez por cento ao ano.

“O futebol passou a ser uma indústria, movimenta muito dinheiro à escala mundial”, lembrou.

O antigo ministro das Finanças salientou que o futebol português ‘exporta’ jogadores e até técnicos, mas vive numa “atmosfera cada vez mais irrespirável”.

Como, por regra, os clubes de futebol são detidos por sociedades anónimas desportivas (SAD) cotadas em bolsa, “vivem, em parte significativa, do patrocínio de marcas comerciais”, percetível nos direitos televisivos, no ‘naming’ das estruturas e até nos equipamentos.

Só que as SAD, ao contrário das outras empresas, “todos os dias se digladiam em termos cada vez mais perto do zero”, frisou.

“Imagine-se, por exemplo, os diretores de comunicação dos bancos a insultarem-se todos os dias no Facebook”, comparou Bagão Félix.

“Qualquer setor económico vive da competição, da concorrência, mas há uma zona de cooperação, para defesa do próprio setor. Há regras, éticas, económicas e de consolidação do próprio setor”, reforçou o economista.

Se um clube de futebol nacional estivesse sujeito à notação das agências financeiras, teria um rating de lixo, continuou o antigo vice-presidente da assembleia geral do Benfica.

“Em Portugal, a dívida total das SAD, considerando empréstimos obrigacionistas e financiamentos bancários, já chega a 1203 milhões de euros, com pagamentos de juros de 43 milhões de euros por ano”, salientou.

“Luxo, [o rating] não era”, gracejou Bagão Félix.

Face a tal endividamento, não são as receitas geradas pela atividade desportiva pura que vão salvar os clubes, mas sim os patrocínios e a ‘exportação’ de jogadores, que dependem da “boa reputação”.

“A boa reputação não se faz com insultos todos os dias, com situações inacreditáveis em qualquer atividade”, insistiu o economista.

Responsabilizando em especial os três grandes, o comentador da TSF insistiu que “este ambiente poluído vai crescendo e minando esta indústria” do futebol.

Este ambiente “autofágico” pode conduzir ao mesmo destino do Titanic, “estão a contribuir para afundar o que ainda está imerso e nem sequer sabem que o desastre de um poderá ser o desastre de todos”.

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