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Autismo afeta uma em cada 68 crianças

Dia Mundial da Consciencialização do Autismo assinala-se a 2 de abril.

Uma em cada 68 crianças no mundo tem perturbação do espetro do autismo, um distúrbio global do desenvolvimento que afeta sobretudo a interação social e as competências de comunicação.

As dificuldades na fala ou a ausência total da linguagem, um tom de voz anormal ou com um ritmo e afinação diferentes são as principais caraterísticas manifestadas.

A estas juntam-se a repetição de palavras ou frases sem lógica comunicativa, dificuldade ao iniciar uma conversa ou em mantê-la, dificuldade em comunicar necessidades ou desejos, incompreensão de afirmações ou de perguntas simples, ausência de humor ou ironia.

O Dia Mundial da Consciencialização do Autismo foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, e é mundialmente assinalado a 2 de abril.

Atualmente, não existe cura, mas alguns métodos de intervenção psicopedagógica têm tido resultados positivos, em particular no controlo de comportamentos específicos, permitindo uma melhor adaptação das crianças e adultos à vida em sociedade.

Os primeiros sintomas de autismo podem surgir aos 2 anos, mas, por regra, o diagnóstico é feito mais tarde.

De acordo com um estudo norte-americano, poderá ser possível detetar a doença ainda durante o primeiro ano de vida.

As vantagens deste diagnóstico precoce são óbvias: as terapias podem ser aplicadas muito mais cedo.

Os investigadores estimam que poderá ser possível perceber se a criança tem autismo com uma eficácia na ordem dos 80 por cento.

Para a realização deste estudo, os investigadores da Universidade da Carolina do Norte avaliaram 148 crianças, algumas das quais com risco acrescido de sofrerem de autismo, com casos diagnosticados em irmãos mais velhos.

As 148 crianças foram submetidas a ressonâncias magnéticas, em diferentes fases: aos seis meses, aos 12 meses e quando completaram dois anos.

Em crianças que vieram mais tarde a sofrer do distúrbio, esses exames revelaram diferenças bem visíveis, no córtex cerebral, a zona do cérebro responsável por funções como a linguagem, por exemplo. Ou seja, os cientistas puderam perceber antecipadamente os sinais do autismo.

“Muito cedo, no primeiro ano de vida, vemos diferenças de área de superfície do cérebro que precedem os sintomas que as pessoas associam tradicionalmente com autismo”, revelou Heather Hazlett, médico e coautor da pesquisa, em declarações à BBC.

Hazlett salienta que os “essas diferenças do cérebro podem ocorrer em crianças com alto risco de autismo” e que os exames detetam-nas. Desse modo, acrescenta, será possível avançar desde logo com terapias, numa altura em que o autismo ainda não se revelou em termos comportamentais.

A juntar a este estudo há outro dado relevante. A comunidade científica acredita que em breve será possível avançar no sentido de detetar a doença de outra forma, igualmente precoce: através de exames ADN, em famílias onde o risco de autismo é grande.

Para já, surge a garantia de que uma ressonância magnética pode antecipar o diagnóstico.

Desta forma, os pais poderão receber instruções no sentido de aplicar terapias próprias para crianças autistas, logo no primeiro ano de vida.

Esta pesquisa revelou-se promissora, até porque o sucesso dessas terapias é maior, quanto mais cedo as mesmas forem aplicadas. Existe esse consenso na comunidade médica.

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