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Aumento salarial de Fernando Mendes revolta trabalhadores da RTP

Um comunicado da Comissão dos Trabalhadores da estação pública compara a contratação de apresentadores ao mercado futebolístico e destaca que a RTP não conseguiu passar “imune a este tipo de loucuras”.

“Nos últimos meses, o chamado ‘mercado’ da televisão entrou numa filosofia de tipo futebolístico na sequência da transferência de uma célebre apresentadora entre dois canais privados por verbas difíceis de entender”, refere um comunicado daquela comissão, numa alusão à contratação de Cristina Ferreira por parte da SIC.

A Comissão de Trabalhadores pensou que a RTP, “que presta um serviço e não vende coisas, rejeitando lógicas comerciais, como diz o seu presidente, estivesse imune a este tipo de loucuras”.

No entanto, “esta manhã a imprensa anunciou a renovação contratual da RTP com um dos seus apresentadores em valores que podem chegar aos 20 mil euros por mês”, acrescenta o comunicado, numa alusão à nova condição contratual de Fernando Mendes.

“Se há aumentos para os apresentadores, então … e os trabalhadores?”, pergunta a comissão.

Para a Comissão de Trabalhadores, “não está em causa a avaliação do merecimento destes valores ou outros quaisquer por parte de um profissional de televisão que decerto os merece, o que está em causa o tratamento justo e equitativo daqueles que dão tudo pela RTP todos os dias, os seus trabalhadores”.

“É que não existem aumentos na RTP há 10 anos”.

A Comissão de Trabalhadores lembra que a gestão dos recursos humanos é “desastrosa”, apontando a idade média (49.9 anos) dos seus funcionários e o facto de a estação publicar manter “centenas de trabalhadores em situação de prestação de serviço”.

“O diálogo social, que era apanágio da RTP é agora quase inexistente, os pedidos de reenquadramento dos trabalhadores são respondidos com ‘cartas-forma’ e depois esquecidos por meses a fio, como se aqueles que deram tudo de si à empresa por mais de 30 anos se tenham transformado agora num incómodo, uma chatice”, lamentam.

“Os quadros e a distribuição de profissionais tornaram-se uma confusão generalizada com serviço após serviço, com trabalhadores com categorias e tabelas diferentes, a fazer as mesmas tarefas. Para todos estes problemas tardam soluções mas sobram desculpas”.

“A resposta é sempre a mesma, o Eurofestival. Gastámos muito no Eurofestival. Assim, o Eurofestival, que o próprio Dr. Gonçalo Reis tinha garantido à CT que nunca seria pago pelos trabalhadores, transformou-se no álibi perfeito para os manter parados salarialmente”, acrescentam.

A Comissão de Trabalhadores exige que “o Conselho de Administração entenda que nem a empresa nem os seus trabalhadores aguentam mais uma filosofia que, ao contrário do lema antigo de ‘evolução na continuidade’, parece basear-se numa de ‘estabilidade na decadência’”, conclui.

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