“Aumento do défice vai dever-se ao BE e ao PCP”, antecipa Manuela Ferreira Leite
A discussão entre os partidos da esquerda sobre o défice de 2018 tem dois fins, explicou Manuela Ferreira Leite. BE e PCP querem “qualquer coisita” para mostrar obra feita e Mário Centeno vai aproveitar a folga dada por “um défice superior”.
No comentário semanal para a TVI, a ex-ministra das Finanças salientou acreditar que o atual titular da pasta “nunca pensou” num défice tão baixo para 2018.
Nesse sentido, a ‘gritaria’ recente dos dois partidos de esquerda que suportam o Governo do PS serve a todos os envolvidos, justificou.
Na política, “é normal é esta ‘mise em scène'”, executada nesta fase por BE e PCP, “no sentido de agora lhes darem qualquer coisita”.
“Eles tanto lhes gritam que se lhes dá alguma coisa”.
Como a redução do défice vai criar uma folga orçamental, o PS aproveitará para parecer generoso e deixará os partidos à esquerda aplicar esse excedente “onde eles desejam”, acrescentou a comentadora.
E o que ganha o PS com isto? A possibilidade de, no futuro, justificar uma eventual derrapagem no défice com as exigências agora feitas à esquerda.
“Provavelmente, nunca o ministro Mário Centeno pensou que poderia levar o défice de 2018 a este valor, com certeza já tem subjacente um défice superior”, salientou Ferreira Leite.
“Agora fica visível que esse défice se deverá ao Bloco de Esquerda e ao PCP”.
Ainda segundo a ex-presidente do PSD, “este teatro não é completamente mau, porque leva o Partido Socialista a definir-se”.
“O Governo vai ter de dizer exatamente o que é que quer”, concluiu.