Economia

Aumento da incerteza da política comercial dos EUA agrava riscos para PIB mundial

A agência de ‘rating’ Moody’s alertou hoje que a incerteza crescente em torno da política comercial dos Estados Unidos aumentou o risco para as perspetivas de crescimento da economia global e existe uma margem limitada para políticas monetárias e orçamentais.

“A recente escalada das tensões entre os Estados Unidos e a China ensombraram as perspetivas para a economia global”, indica a Moody’s num relatório hoje divulgado.

Na atualização de junho do ‘Global Macro Outlook 2019-20’, a agência de ‘rating’ frisa que, “apesar de o crescimento global ter mostrado sinais de estabilização, dois recentes desenvolvimentos económicos geraram uma incerteza significativa”.

A Moody’s aponta, em primeiro lugar, que “a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China intensificou-se, com cada um dos lados a impor tarifas adicionais sobre o outro”.

“Se as tensões se arrastarem ou aumentarem, deixarão um impacto duradouro na economia global”, pode ler-se na análise assinada por Madhavi Bokil, vice-presidente da Moody’s e ‘Senior Credit Officer’.

A especialista acrescenta que, “além disso, a nova ameaça dos Estados Unidos de impor tarifas sobre todas as importações do México é um lembrete da incerteza da política comercial dos Estados Unidos”.

Mas a Moody’s prossegue que, em segundo lugar, “um agravamento das tensões entre os Estados Unidos e o Irão poderia derrubar o delicado equilíbrio no Médio Oriente, potencialmente fazendo subir os preços do petróleo e complicando ainda mais a tomada de decisões económicas num ambiente já incerto”.

E a agência de ‘rating’ indica ainda que se mantêm os riscos associados à saída do Reino Unido da União Europeia: “o caminho do Reino Unido para o Brexit permanece incerto”, três anos depois de os eleitores britânicos terem votado pela saída do país da União Europeia.

Por tudo isto, a Moody’s indica que “os riscos de uma desaceleração mais acentuada aumentarem”, alertando que “os recentes desenvolvimentos comerciais e geopolíticos poderiam colocar a economia em risco se ressultarem numa queda significativa dos mercados financeiros globais e um aperto abruto das condições financeiras”.

Além disso, a agência sublinha que “o ritmo da atividade económica está claramente a abrandar em várias economias”.

A Moody’s antecipa que o crescimento da economia mundial abrande para 2,8 por cento quer em 2019 quer em 2020, face aos 3,2 por cento registados em 2018, uma previsão que reflete “uma desaceleração do crescimento nos Estados Unidos, na China, na zona euro e na Ásia desenvolvida”.

Para a zona euro, a Moody’s prevê um crescimento de 1,3 por cento em 2019 e de 1,4 por cento em 2020, um desempenho “consideravelmente mais fraco que o crescimento de 1,8 por cento em 2018”.

A agência de ‘rating’ salienta ainda que no caso de uma desaceleração global significativa, “as economias industriais avançadas dos países do G-20 têm uma margem limitada para a política monetária e orçamental para estimular a procura global”.

Mas a Moody’s considera que a predominante tendência acomodatícia entre os bancos centrais mundiais, as medidas de estímulo na China e a procura interna nos EUA e nas principais economias da zona euro poderão funcionar “como contrapeso para o impacto adverso do aumento das tensões comerciais e da incerteza” associada.

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