Economia

Auditoria à CGD encontrou 14 operações com parecer de risco favorável em 170

A versão final da auditoria da EY à Caixa Geral de Depósitos (CGD) contabilizou apenas 14 operações de concessão inicial de crédito que receberam parecer de risco favorável, num total de 170.

Ainda assim, de acordo com o documento que foi hoje publicado no site do Parlamento, as perdas deste tipo de operações incluídas no Top 25 que a auditora compilou, como sendo as mais problemáticas, “totalizaram 238 milhões de euros, o que corresponde a 13,5 por cento das perdas totais da amostra”, de acordo com o documento.

A análise da consultora concluiu que a maioria dos casos analisados, ou seja, 80 operações, que representam perdas, no Top 25, de 769 milhões de euros (43,7 por cento do total) receberam um parecer de risco “condicionado ao acolhimento de um conjunto de requisitos prévios à concessão do crédito, e em que o Órgão de Decisão [que tomou a decisão de conceder o crédito], para além de não fazer depender a sua aprovação da concretização das respetivas condicionantes, não deixou evidência escrita que justifique esta decisão”.

Houve ainda casos em que “não foi obtido o respetivo parecer individual de análise de risco”, que totalizam 15 operações, sendo que as perdas destas operações no Top 25 totalizaram 86 milhões de euros, “o que corresponde a 4,9 por cento das perdas totais da amostra”, lê-se no relatório.

Por outro lado, em 43 operações analisadas, num total de 122 milhões de euros em perdas (6,9 por cento), no Top 25, o parecer de risco foi condicionado, mas “as respetivas condicionantes ou foram acolhidas por parte do órgão competente ou existe uma justificação para a sua não acomodação por parte do mesmo”.

O documento dá ainda conta de “operações que foram autorizadas pelo Órgão de Decisão competente (em linha com normativo existente) com parecer de risco que acompanhava a proposta comercial desfavorável, não tendo sido apresentada evidência do racional que esteve subjacente à decisão”, num total de 13, “verificando-se que do Top 25 as perdas destas operações totalizaram 48 milhões de euros, o que corresponde a 2,8 por cento das perdas totais da amostra”.

A EY analisou também a prestação de garantias adequadas para estes empréstimos, tendo em conta que “existe a recomendação que nas operações com prazo superior a 18 meses sejam obtidas garantias reais (hipotecas ou penhores) que garantam com segurança pelo menos 120 por cento do valor do crédito”.

Assim, em 186 operações em análise, 141 operações tinham prazo superior a 18 meses. Em 72 as garantias reais cobriam menos de 120 por cento do crédito, com perdas de 716 milhões de euros nos 25 casos mais problemáticos (40,7 por cento).

A auditora também recolheu dados sobre a reestruturação de créditos e chegou à conclusão que, de 246 operações, apenas nove receberam parecer de risco favorável dos órgãos competentes do banco.

O relatório foi hoje entregue pelo presidente da CGD, Paulo Macedo, no parlamento, depois de uma versão preliminar ter sido amplamente noticiada nos últimos dias.

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