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Ativista pró-democracia diz que “é triste” terem travado em Macau manifestação sobre protestos em Hong Kong

Hong Kong, China, 01 out 2019 (Lusa) – A ativista pró-democracia Denise Ho disse, em entrevista à agência Lusa, que “é muito triste” que as autoridades de Macau tenham travado uma manifestação sobre os protestos em Hong Kong.

“Sei que algumas pessoas em Macau quiseram fazer uma manifestação ou uma marcha, mas foram travadas”, o que “é muito triste”, afirmou a cantora que, nos últimos três meses, discursou na ONU e no Congresso norte-americano, em defesa do movimento pró-democracia.

Em entrevista à Lusa, na véspera da celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China que se assinalam hoje, defendeu que “as pessoas têm que acreditar no poder da solidariedade” e que “muitas coisas podem ser feitas de uma forma relativamente segura”.

Contudo, ressalvou, “isso exige que as pessoas usem a sua criatividade e imaginação como a população de Hong Kong mostrou ao mundo”, para insistir numa prioridade: “a segurança está em primeiro lugar”.

A 03 de setembro, o Governo de Macau negou qualquer ação de censura política no território a ações de apoio aos protestos em Hong Kong, garantindo que se mantém salvaguardado o direito à manifestação e liberdade de expressão.

“Não é censura política”, a atuação da polícia “baseou-se sempre em factos objetivos”, defendeu então o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak.

Em causa estão pelo menos três episódios, em agosto.

Primeiro, a proibição de uma manifestação e posterior atuação policial no dia e no local para onde estava convocada o protesto contra a brutalidade em Hong Kong.

Depois, a deslocação da polícia ao Instituto de Formação Turística (IFT) porque dois estudantes empunhavam cartazes de apoio às reivindicações pró-democracia na região administrativa chinesa vizinha.

Outro, no mesmo contexto dos protestos de Hong Kong, diz respeito a quatro pessoas que foram abordadas pela polícia porque se encontravam a fazer colagens no espaço público, sem que tenham ficado detidos, afiançou o secretário para a Segurança.

O caso mais mediático ocorreu em 19 de agosto, já depois da Corporação da Polícia de Segurança Pública ter proibido naquele dia um protesto pacífico silencioso, no centro de Macau, contra o uso excessivo de força por parte das forças de segurança sobre os manifestantes pró-democracia.

Em 15 de agosto, a polícia alegou que não podia autorizar uma iniciativa de apoio ao que considerou serem “atos ilegais” cometidos pelos manifestantes em Hong Kong e que tal “poderia enviar uma mensagem errada à sociedade de Macau”.

Quatro dias depois, montou uma operação no local durante a qual 600 pessoas foram abordadas para identificação, sete das quais foram levadas para interrogatório, com as forças de segurança a sublinharem que não houve lugar a qualquer detenção.

O Governo de Hong Kong anunciou a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de junho.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

A transferência de Macau e Hong Kong para a República Popular da China, em 1999 e em 1997, respetivamente, decorreram sob o princípio “um país, dois sistemas”.

Tal como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.

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