A presidente do CDS prometeu hoje ajudar a “descobrir a verdade” sobre as alegadas irregularidades na gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e criticou a esquerda por ter bloqueado os trabalhos da anterior comissão parlamentar de inquérito.
No encerramento de dois dias de jornadas parlamentares do partido, em Braga, Assunção Cristas afirmou que o partido continua a querer “descobrir toda a verdade”, “doa a quem doer” sobre a CGD.
Sem se comprometer com a ideia de uma nova comissão de inquérito, como sugeriu na segunda-feira, pelo PSD, a líder centrista fez a pergunta – “ainda é tempo?” – para esclarecer as alegadas irregularidades no banco do Estado e deu a resposta.
“É sempre tempo para a descoberta da verdade”, afirmou aos deputados.
Aliás, para a líder dos centristas, o esclarecimento até vem tarde, dado que, pelo CDS, ele já poderia ter chegado ao parlamento há cerca de dois anos, durante a comissão de inquérito.
“Quem obstaculizou ponha a mão na consciência agora”, em mais uma referência aos partidos de esquerda, PS, PCP e BE, que votaram pelo fim da comissão de inquérito antes de se concluir o processo de a Assembleia ter acesso à lista dos grandes devedores da CGD.
Na segunda-feira, já o líder parlamentar dos centristas tinha dito que o CDS admitia uma nova comissão de inquérito, caso se torne “útil e eficaz”.
Na segunda-feira, o presidente do PSD revelou estar a “avaliar” a possibilidade de pedir uma comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, notando que a esquerda cortou “abruptamente” a anterior “antes que doesse a alguém”.
Rui Rio lembrou que a “última comissão” relativa à CGD “foi abruptamente cortada pelo PCP, BE e PS”, pelo que é um “discurso um bocado hipócrita pedirem [uma avaliação] doa a quem doer”, quando “encerraram a comissão antes que doesse a alguém”.
Uma versão da auditoria da EY à CGD relativa ao período 2000-2015, com data de dezembro de 2017, refere que os administradores do banco público receberam “remuneração variável” e “voto de confiança”, mesmo com resultados negativos.
A auditoria aponta “importantes insuficiências” organizacionais que poderão ter contribuído para decisões pouco fundamentadas na concessão de crédito e detetou sete operações de concessão de crédito com risco grave ou elevado e perdas, só nestas, de mais de 1.000 milhões de euros, entre as quais as operações de financiamento da fábrica da La Seda de Barcelona, em Sines.