Um grupo de anónimos presenteou os 230 deputados da Assembleia da República com um saco azul, cheio de jornal, numa prenda simbólica colocada nas escadarias. “Obrigado por tudo”, podia ler-se, em cada saco. A partida de Carnaval deu trabalho aos funcionários da Câmara Municipal de Lisboa.
Será possível despejar 230 sacos cheios de lixo (papel de jornal) na escadaria da Assembleia da República e não ser apanhado pelas autoridades? Sim, é possível. A prova foi dada ontem, com uma ação de protesto que exigiu um esforço logístico enorme: cada saco estava personalizado, com o nome do deputado e um agradecimento irónico.
As forças de segurança não conseguiram identificar o grupo de anónimos que levou a cabo este protesto, em Lisboa. Mas se os autores do protesto passaram discretos, o mesmo não se pode dizer em relação aos próprios sacos azuis, que mancharam de azul as escadarias da Assembleia da República.
O Correio da Manhã revela que os autores desta ação carnavalesca foram ao detalhe de inscrever “obrigado por tudo” em cada saco, dirigido aos 230 deputados, com o nome de cada um escrito à mão. Aquele jornal conta ainda que o grupo circulou entre o Bairro Alto e São Bento, com os sacos cheios de papel de jornal na mão, sem ser visto pelas autoridades.
O ‘saco azul’ representa um rendimento ilegal, proveniente de organismos oficiais, ou empresas. Trata-se de dinheiros ilícitos, provenientes de atos de corrupção ou, não sendo, resultante de uma forma que não cumpre os requisitos da lei.
Os 230 sacos – que neste protesto pretendem pôr em causa a legalidade de procedimentos dos deputados – acabaram por ser recolhidos pelos funcionários da Câmara Municipal de Lisboa, num inesperado serviço.
Segundo determina a lei, o protesto pode provocar uma multa, por depósito de lixo na via pública. No entanto, é necessário identificar os autores do protesto. Nem a GNR nem a PSP encontraram os portadores de 230 sacos azuis…