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Artista Yto Barrada abre ciclo de exposições sobre legado colonial na Gulbenkian

Uma exposição da artista franco-marroquina Yto Barrada, que cruza o trabalho da etnóloga francesa Thérèse Rivière (1901-1970) com narrativas pessoais, abre ao público a 08 de fevereiro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

De acordo com a entidade, “Moi je suis la langue et vous êtes les dents” (“Eu sou a língua e vós os dentes”), é o título da mostra, retirado de um excerto de um dos cadernos de anotações de Thérèse Rivière, que, entre 1934 e 1936, estudou o povo berbere Chaouias nas montanhas do Aurès, na Argélia.

Yto Barrada apresenta um conjunto de trabalhos que exploram e prosseguem o seu interesse pela etnóloga, resgatando cadernos, desenhos e fotografias que produziu, bem como a coleção de objetos que reuniu, esquecidos e “silenciados” no tempo, segundo uma nota de imprensa da Gulbenkian.

A esta trama, a artista entrelaça narrativas da sua própria família, tecendo novas relações onde se cruzam os fios das memórias pessoais e coletivas.

A obra de Yto Barrada “toma forma numa ida e volta constante pelos tempos, lugares e artefactos da história, num processo de trabalho que se inicia muitas vezes na recolha de histórias e objetos que juntos formam um dialeto poético”, de acordo com a Gulbenkian.

Em 2015, a artista teve a sua estreia em Portugal, no Porto, na Casa de Serralves, transformada num “museu de história moderna e natural”, com a exposição “Salon Marocain”.

Nascida em Paris em 1971, mas vivendo entre a capital francesa e Tânger, Yto Barrada estudou história e ciência política na Sorbonne e fotografia em Nova Iorque.

Yto Barrada ganhou o prémio de artista do ano do Deutsche Bank em 2011, que levou a exposição “RIFFS” em digressão, tendo sido também distinguida pela Robert Gardner Fellowship em Fotografia e com o prémio Abraaj.

Tem exposto no MoMA (São Francisco e Nova Iorque), no Barbican Centre (Londres), no Jeu de Paume e Centre Georges Pompidou (Paris), e na Bienal de Veneza (2007 e 2011).

Esta exposição, com curadoria de Rita Fabiana, abre um ciclo com três artistas de geografias distintas que vão marcar a programação de 2019 do Espaço Projeto do Museu Calouste Gulbenkian, com trabalhos ancorados na história e no legado do colonialismo e nos processos de descolonização das narrativas, dos saberes, e da imaginação.

Seguem-se as mostras da portuguesa Filipa César (31 maio a 02 setembro de 2019), sobre a gentrificação nas Ilhas Bijagós, e do cabo-verdiano Irineu Destourelles (27 setembro de 2019 a 06 de janeiro de 2020), que reflete a partir da sua própria condição de diáspora, e das suas experiências sociais em espaço urbano, a partir de cidades como Lisboa, Mindelo e Londres.

Paralelamente, e em articulação com a programação do Espaço Projeto, terá lugar a 27 e 28 de setembro, na sala Polivalente, uma conferência internacional, intitulada “Where I Stand”.

O objetivo é falar de um lugar que é simultaneamente geográfico, histórico, cultural, político e mental, com participações que trazem para o debate o legado colonial, e as novas narrativas emancipatórias, nomeadamente a do feminismo negro.

Em março, entre 13 e 16, terá lugar uma “Mostra Ameríndia”, com um ciclo de debates e de cinema indígena no Brasil, organizado em colaboração com o DocLisboa e a Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa.

Lusa

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