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Armadores satisfeitos com aumento na quota do carapau, mas lamentam corte no bacalhau

A Associação dos Armadores das Pescas Industriais (ADAPI) considerou hoje positivo o aumento das possibilidades de pesca do carapau e da sarda, mas lamentou as descidas significativas na de espécies como a pescada ou bacalhau do Atlântico noroeste.

A ADAPI reagia assim ao fim das negociações das possibilidades de pesca em Conselho de Ministros da Agricultura e Pesca da União Europeia, que começaram na segunda-feira e terminaram na madrugada de hoje em Bruxelas, e de onde resultaram os máximos admissíveis de captura (TAC) da maioria das espécies capturadas, bem como as quotas que cabem a cada estado-membro.

Em comunicado, a ADAPI salientou que em relação aos ‘stocks’, Portugal obteve um significativo aumento de cerca de 17 por cento nas suas quotas, principalmente por força do aumento de 24 por cento do já elevado TAC do ‘stock’ de carapau na costa ocidental ibérica, e pelo forte aumento do TAC de sarda no Atlântico norte (incluindo a costa nacional).

“Portugal entra em 2020 com um franco aumento das suas possibilidades de pesca (+10,1 por cento), com o aumento decidido esta noite a ser contrariado pelas significativas reduções que já vinham decididas anteriormente no atum patudo, bem como no bacalhau e cantarilho do Atlântico noroeste””, é referido na nota.

A ADAPI considerou também positivo o aumento de quotas de espécies como a sarda (+2.092 toneladas ou +41 por cento), o bacalhau no Svalbard (+76 toneladas ou +3 por cento), a palmeta (+38 toneladas ou +2 por cento), ou o areeiro (+7 toneladas ou +12 por cento).

De acordo com a associação de armadores, estas quantidades são ainda “insuficientes para as necessidades do país, mas representam prova da melhoria do estado dos stocks, possibilitada pelos sacrifícios da frota”.

A ADAPI mostrou-se também satisfeita com o aumento do TAC do carapau.

“Trata-se de um stock sobre o qual os pareceres científicos recomendavam uma possibilidade de aumento de até 24 por cento, mas onde a Comissão Europeia propunha uma incompreensível redução de 50 por cento. Existe um plano de gestão para esta espécie, elaborado pelos cientistas, pescadores e Organizações Não Governamentais e que prevê, entre outras medidas, um limite de variação interanual do TAC em 15 por cento, para baixo ou para cima”, é referido.

A associação explica que a Comissão Europeia “ignorou este plano durante dois anos, e agora veio usá-lo para justificar a enorme redução proposta, apesar desta violar os limites do plano”.

A ADAPI considera ser “incompreensível que, quando os esforços da pesca possibilitam uma recuperação dos recursos, seja este setor novamente castigado com mais reduções, por mero dogma anti-pesca”.

De acordo com os armadores, o Conselho de Ministros esteve bem ao rejeitar a absurda proposta da Comissão Europeia neste stock.

Por outro lado, a ADAPI lamenta as descidas significativas de espécies relevantes como a pescada (-138 toneladas ou -5 por cento), o linguado (-134 toneladas ou -20 por cento), o bacalhau do Atlântico noroeste (-1.759 toneladas ou -51 por cento), o cantarilho do Atlântico noroeste (-428 toneladas ou -18 por cento), e o lagostim, (-9 toneladas ou -3 por cento).

Hoje, no final da reunião em Bruxelas, o ministro do Mar, Serrão Santos, avisou que a pesca deve adequar-se à sustentabilidade das espécies e recomendou, após o acordo europeu dos volumes de captura em 2020, que os operadores devem encontrar alternativas, nomeadamente para o bacalhau.

“Tem de haver uma redução e temos que encontrar alternativas”, porque “não podemos estar a assumir que pescamos um manancial, ou um ‘stock’, acima daquilo que determina o seu futuro, e isso eu não o faria”, explicou.

No global, as possibilidades de pesca aumentaram 17 por cento em 2020, face a este ano, tendo, nomeadamente, o corte de 50 por cento proposto para o carapau nas águas nacionais ter sido revertido numa subida de 24 por cento e os de 20 por cento na pescada terem sido revistos para os 5 por cento, respeitando, garantiu Ricardo Serrão Santos, os pareceres científicos que demonstram o bom estado das unidades populacionais.

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