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Apenas 30% dos estudantes concluem licenciatura nos três anos previstos – OCDE

Apenas 30 por cento dos alunos do ensino superior concluem as licenciaturas nos três anos de duração do curso e o abandono dos cursos antes do 2.º ano é de 12 por cento, aponta um estudo da OCDE hoje divulgado.

“Apesar das elevadas taxas de matrícula, o ensino superior em Portugal revela baixas taxas de conclusão”, lê-se na edição de 2019 do relatório ‘Education at a Glance’, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), produzido com base em dados dos últimos anos.

A OCDE aponta que, ainda que a média de matrículas no escalão etário associado ao ano inicial dos cursos superiores seja de 41 por cento, acima da média da OCDE de 37 por cento, apenas 30 por cento dos alunos que se matriculam concluem as formações dentro dos três anos de duração das licenciaturas, contra uma média de 39 por cento da OCDE.

A taxa de conclusão sobe para 65 por cento, abaixo dos 67 por cento da OCDE, se o período considerado for de seis anos para terminar uma licenciatura de três anos.

“Em Portugal, cerca de 12 por cento dos estudantes que entram numa licenciatura abandonam o curso antes do início do segundo ano do curso, em linha com a média [da OCDE]. Num período de seis anos, a percentagem de estudantes que abandonam o ensino superior sem se diplomarem subiu para os 26 por cento, que compara com uma média de 24 por cento”, lê-se no relatório.

A OCDE aponta ainda as taxas elevadas de frequência de mestrados e doutoramentos em Portugal, acima da média da OCDE, com os dados referentes a 2017 a indicarem que um terço dos alunos (33 por cento) do ensino superior em Portugal estavam matriculados em mestrado, contra 16 por cento da média da OCDE, e 6 por cento frequentavam doutoramentos, contra uma média de 2 por cento da OCDE.

Ainda nesse ano, 55 por cento dos 2.100 doutorados eram mulheres (47 por cento na OCDE) e 23 por cento eram estudantes internacionais (25 por cento na OCDE).

“No total, 0,8 por cento dos adultos em Portugal tem um doutoramento (a média da OCDE é de 1,1 por cento)”, refere o relatório.

O documento indica ainda que muitos países da OCDE têm tentado levar os adultos para o ensino superior, seja em chamados programas de segunda oportunidade, ofertas em ‘part-time’ ou ofertas de ensino informais. No caso português, apenas 4 por cento dos adultos (25-64 anos) estão matriculados numa oferta formal de ensino superior, contra uma média de 7 por cento da OCDE.

Engenharia, construção, gestão e direito continuam a ser as áreas de formação que mais alunos atraem, muito por conta dos elevados salários associados a estes cursos.

A taxa de emprego nestas áreas, assim como a dos cursos de saúde, ronda ou supera os 90 por cento, acima das médias da OCDE e da União Europeia a 23.

Um curso superior significa também um salário quase duas vezes superior ao de quem apenas concluiu o ensino secundário.

O financiamento por aluno no ensino superior no país também fica abaixo da média da OCDE: os cerca de 10 mil euros por aluno em Portugal comparam com mais de 14 mil euros em média no conjunto dos países da OCDE.

“Entre 2010 e 2016, a despesa total em educação básica e secundária permaneceu relativamente estável, enquanto a despesa com o ensino superior baixou em quase 20 por cento. Ainda assim, tendo em conta que o número de alunos no ensino superior caiu em cerca de 15 por cento no mesmo período, a despesa por aluno neste nível de ensino decresceu apenas em 6 por cento”, refere a OCDE.

No domingo, quando foram conhecidos os resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, os reitores apelaram para que houvesse um aumento no financiamento por estudante, para permitir ao ensino superior continuar a crescer e recuperar o atraso face à Europa, lamentando que o investimento no ensino superior não tenha paralelo com aquele que foi feito em ciência e inovação.

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