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António de Sousa considera que João Salgueiro “não entendeu bem o que estava a assinar”

O antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) António de Sousa considerou hoje que a administração anterior à sua, liderada por João Salgueiro, “não entendeu bem aquilo que estava a assinar” na “Operação Caravela”.

A “Operação Caravela” foi um investimento realizado pela CGD em ‘eurobonds’ emitidos em escudos, por emitentes internacionais e colocadas no mercado internacional, no final dos anos 1990.

Segundo uma auditoria da EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015, divulgada recentemente pelo Jornal Económico, a operação teve como o objetivo camuflar perdas no balanço do banco público face aos elevados níveis de dívida pública que se estava a desvalorizar, de cujos títulos a Caixa não se conseguia livrar no final da década de 90 e que gerou uma perda aproximada de 340 milhões de euros à CGD.

“Era uma operação muito complexa e eu sei como foi ruinosa, porque fui eu que a amortizei a 100 por cento”, relembrou António de Sousa, questionado pelo grupo parlamentar do PS sobre o tema.

António de Sousa falava na II Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e à Gestão do Banco que hoje vai ouvir dois antigos presidentes do banco público: António de Sousa (presidente do banco entre 2000 e 2004), e Carlos Santos Ferreira (entre 2005-2008).

O antigo gestor disse acreditar que objetivo da administração anterior à sua com a operação era a de obter lucros através do recebimento de “uma taxa de juro substancial”, mas o que aconteceu foi que o banco público ficava responsável pelo ‘default’ dos ativos subjacentes às obrigações antes de conseguir obter qualquer lucro.

“Não entenderam bem aquilo que estavam a assinar. João Salgueiro não se apercebeu do risco que estava subjacente a uma operação daquelas”, disse António de Sousa, acrescentando que nunca lhe foi explicado “exatamente” como é que esta operação foi feita.

De acordo com António de Sousa, na passagem de pasta, houve apenas “reuniões muito genéricas” com João Salgueiro e que se resumiram a “um almoço e uma reunião” onde o assunto não foi referido.

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