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Ano agrícola marcado pela maior quebra dos últimos 20 anos na produção de vinho

O ano agrícola de 2017/2018 deverá registar a menor produção de vinho dos últimos 20 anos, aumentos ligeiros nos cereais e frutos, acréscimos nas plantas forrageiras e azeite e uma quebra na batata e tomate, divulgou hoje o INE.

“O ano agrícola 2017/2018 caracterizou-se, em termos meteorológicos, por valores de precipitação e temperatura acima do normal”, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE).

O instituto precisa que, “após um outono muito quente e seco, seguiu-se um inverno igualmente seco, mas extremamente frio”, tendo-se a precipitação elevada iniciado na primavera, associada a temperaturas muito baixas, e registando-se o segundo mês de agosto “mais quente dos últimos 88 anos”.

Este ano, estima-se que a produção vegetal tenha aumentado 0,9 por cento em valor e diminuído 3,1 por cento em volume, verificando-se um aumento de 4,1 por cento dos preços de base, sobretudo devido aos vegetais e produtos hortícolas.

De acordo com o INE, foi o “calor excessivo verificado em agosto” que motivou a quebra na produção de vinho, apontando as previsões para “a menor produção em quantidade dos últimos 20 anos”, com um decréscimo de 20 por cento face ao ano anterior.

A produção de cereais deverá aumentar ligeiramente em volume (+0,8 por cento), sendo que, à exceção do arroz e centeio, todos os outros cereais apresentaram uma produção superior a 2017. Os preços no produtor deverão aumentar 4,0 por cento.

O INE estima que o arroz deverá registar um decréscimo de 5,0 por cento em volume, “em consequência da escassez de água no solo no Inverno, que provocou o adiamento das sementeiras, seguida de precipitação excessiva durante a primavera, que interferiu negativamente na preparação dos solos”.

“Em determinadas regiões – acrescenta – algumas doenças e o furacão Leslie também causaram uma redução da produtividade do arroz”.

Nas plantas forrageiras, perspetiva-se um acréscimo de 11,7 por cento no volume de produção, já que a elevada precipitação na primavera permitiu “uma melhoria significativa do desenvolvimento dos prados e forragens, produção de material verde e seco”. Os preços de base deverão decrescer 5,1 por cento.

Relativamente à produção de vegetais e produtos hortícolas, o INE prevê que diminua ligeiramente em volume (-0,6 por cento), especialmente devido aos hortícolas frescos, em particular o tomate para a indústria (-25,7 por cento).

Segundo o instituto estatístico, “a plantação de tomate para a indústria registou um atraso e a área plantada decresceu significativamente em consequência do abandono desta cultura por parte de alguns produtores, devido a pragas e doenças que originaram frutos com um valor comercial muito baixo na campanha anterior”.

Já em 2018, pelo contrário, o tomate apresentou “boa qualidade”, tendo o preço no produtor aumentado 7,1 por cento.

Doenças com o míldio e a diminuição da área originada pelo encharcamento dos solos motivarão no ano agrícola de 2017/2018 uma quebra de 15,0 por cento na produção de batata, sendo expectável um aumento de preço no produtor (+14,7 por cento), após um decréscimo em 2017 (-24,0 por cento), devido à falta de batata no mercado motivada por problemas em vários países europeus.

Na produção de frutos prevê-se um aumento de 5,9 por cento nos preços de base e um ligeiro crescimento de 0,8 por cento em volume, devido principalmente aos frutos de baga, castanha, citrinos e azeitonas para azeite. Estes aumentos deverão anular os decréscimos de produção de maçã e pera (-15,0 por cento e -20,0 por cento, respetivamente).

Já a produção de azeite deverá aumentar 8,7 por cento em volume, em resultado da combinação de um aumento de 94,1 por cento na campanha 2017/2018 (por entrada em produção de novas áreas de olival regado) e de um decréscimo previsto de 15,0 por cento na campanha 2018/2019. O preço deverá aumentar 0,3 por cento.

No que se refere à produção animal, o INE perspetiva um crescimento nominal de 2,2 por cento, dinamizado pelos bovinos (+5,9 por cento), ovinos e caprinos (+4,7 por cento) e leite (+4,7 por cento).

“Perspetiva-se um acréscimo em volume (+4,3 por cento) e preços de base (+1,5 por cento) dos bovinos”, avança, enquanto os suínos deverão registar um decréscimo nominal da produção (-3,1 por cento), em resultado de um aumento do volume (+2,9 por cento), e um decréscimo de 5,8 por cento dos preços.

A produção estimada de aves de capoeira aponta para decréscimos em valor (-0,9 por cento) e em volume (-1,9 por cento), decorrentes de uma diminuição da produção de frango, já que as produções de peru e pato terão sido superiores às de 2017. Prevê-se um acréscimo do preço de 1,0 por cento.

Face a 2017, a produção de leite deverá aumentar 1,3 por cento em volume e 3,4 por cento em preço, com o incremento das entregas de leite no continente até meados do ano, em função de contratos comerciais, a atenuar o efeito das medidas de apoio ao abandono da atividade.

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