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Angola emite 3000 milhões de dólares de dívida com juros acima dos 8,2 por cento

O Governo de Angola colocou hoje no mercado cerca de 3000 milhões de dólares, em duas emissões de dívida a 10 e 30 anos, ambas com juros acima de 8,2 por cento, mais do que o Governo esperava.

De acordo com fontes do mercado contactadas pela Agência Lusa, o Governo angolano fez duas emissões de dívida pública, uma a 10 anos e outra a 30 anos, num total que ronda os 3 mil milhões de dólares, mais do que os 2000 milhões anunciados, e com uma taxa de juro acima da que o ministro das Finanças disse que esperava.

Na emissão a 10 anos, as taxas de juro ficaram entre os 8,25 por cento e os 8,37 por cento, pagos anualmente, enquanto que na emissão de dívida a 30 anos, a taxa ficou entre os 9,3 por cento e os 9,5 por cento.

O valor mínimo de investimento, de acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, foi de 200 mil dólares, numa emissão de dívida pública em moeda estrangeira (eurobond), coordenada pelo Goldman Sachs.

Em entrevista à Lusa em Washington, à margem dos Encontros da Primavera do Fundo Monetário Internacional, há menos de duas semanas, o ministro das Finanças tinha dito que esperava que as taxas de juro destas emissões ficassem ao nível do valor da dívida pública emitida em 2015, que foi lançada com uma taxa de juro de 9,5 por cento, mas que está atualmente a ser transacionada à volta dos sete por cento.

“O mínimo é 2000 milhões de dólares, mas pode ser mais”, disse o governante, salientando que a expectativa é que as taxas de juro exigidas pelos investidores fiquem em linha com as praticadas atualmente na emissão de dívida que Angola lançou em 2015.

“A expectativa que temos é que [a taxa de juro] ficará abaixo da dos títulos emitidos em 2015, que já estão a ser comercializados a menos de 7 por cento; foram lançados a 9,5 por cento e estão a ser comercializados a 7 por cento, portanto a nossa expectativa é que fiquem a esse nível”, disse o ministro das Finanças de Angola à Lusa.

De acordo com o Plano Anual de Endividamento, Angola prevê captar 6,721 biliões de kwanzas (23.800 milhões de euros) de dívida pública, em 2018, totalizando 54.500 milhões de euros de endividamento.

De acordo com o documento, elaborado pelo Ministério das Finanças em meados de fevereiro, estas necessidades repartidas por 4,762 biliões de kwanzas (18.100 milhões de euros) a captar em dívida emitida internamente e 1,959 biliões de kwanzas (7.400 milhões de euros) em desembolsos externos, visam “colmatar as necessidades de financiamento” do Orçamento de 2018.

O aumento do endividamento foi uma das razões que levou a Moody’s a baixar o ‘rating’ de Angola, na semana passada, a par das dificuldades económicas do país.

A agência de notação financeira Moody’s desceu na sexta-feira, 27 de abril, o ‘rating’ de Angola, de B2 para B3, mudando a Perspetiva de Evolução de ‘Negativa’ para ‘Estável’, concluindo o processo de revisão em baixa iniciado em fevereiro passado.

As principais razões para a descida do ‘rating’, que se afunda ainda mais em território de ‘Não Investimento’, ou ‘Junk’ (lixo), como é normalmente conhecido, são “os riscos de refinanciamento interno e externo, que se manterão altos pelo menos nos próximos dois anos, e as métricas orçamentais e o peso da dívida, que já não estão em linha com os pares avaliados em B2”.

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