Economia

ANA: Nova dona, Vinci, assume “papel de primeiro plano” na gestão aeroportuária mundial

aeroporto francisco sa carneiroAo comprar a concessão dos dez aeroportos nacionais, a Vinci quase duplica o número de concessões, mas o grupo francês prefere destacar o salto qualitativo: “com a aquisição da ANA, torna-se num ator internacional de primeiro plano nas concessões aeroportuárias”.

A compra da ANA – Aeroportos de Portugal, por 3080 milhões de euros, vai permitir ao grupo francês Vinci aumentar em dez a carteira de 13 aeroportos que atualmente gere, em França e no Camboja. Como a empresa ontem referiu, em comunicado, a gestão aeroportuária em Portugal vai permitir-lhe crescer e ombrear com a elite internacional: “com a aquisição da ANA, a Vinci Airports, filial da Vinci Concessions, torna-se num ator internacional de primeiro plano nas concessões aeroportuárias, com 23 aeroportos geridos em Portugal, França e no Camboja, que acolhem mais de 40 milhões de passageiros/ano, incluindo um hub de mais de 15 milhões de passageiros”.

Com este negócio, ontem confirmado pelo Governo, o grupo francês reforça “os compromissos com Portugal”, pois já detinha uma participação qualificada na Lusoponte e tutelas duas empresas (Cegelec e Sotécnica), e fica a como “concessionária, pelo prazo de 50 anos, dos dez aeroportos de Portugal, no continente (Lisboa, Porto, Faro, Beja), Açores (Ponta Delgada, Horta, Flores e Santa Maria) e na Madeira (Funchal e Porto Santo)”.

Neste grupo, a Vinci considera o hub de Lisboa como uma “mais-valia fundamental, graças à posição estratégica para destinos de forte crescimento (Brasil e África Lusófona)”, enquanto o Aeroporto Francisco Sá Carneiro é citado como uma “plataforma crucial na expansão para todo o Atlântico Norte”.

As infraestruturas nacionais passam a integrar “um conjunto de plataformas aeroportuárias de grande qualidade, com mais de 30 milhões de passageiros acolhidos em 2012, na maioria internacionais, e um crescimento de tráfego superior a quatro por cento, em média, nos últimos dez anos”, como recorda a nota ontem emitida.

“Marginalizada”

A alegria da Vinci contrasta com a desconfiança dos funcionários da ANA. Ao comunicado dos franceses, a Comissão de Trabalhadores da ANA respondeu com outro, no qual explicou sentir-se “marginalizada” durante um processo cheio de “opacidade”. “A garantia da salvaguarda dos interesses dos trabalhadores, as condições laborais e organização do trabalho não foram defendidos como seria suposto”, argumentaram os trabalhadores.

Contente com o negócio ficou também o atual Conselho de Administração da ANA, alegando que a participação de quatro grupos na última fase da privatização demonstrou que a empresa gerou “interesse e respeito”, dada a “qualidade do ativo” e a “excelência dos recursos humanos”. Numa nota enviada aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, os administradores realçam que a ANA termina agora com “um ciclo importante”.

Embora quase todas as partes já elogiem a privatização como um negócio concluído, ainda falta a aprovação das entidades europeias. “O Eurostat ainda não se pronunciou sobre a matéria”, recordou ontem Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro, lembrando que o Governo arrecadou 6400 milhões de euros com as privatizações em 2012, bem acima dos 5500 exigidos pela troika.

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