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Alzheimer: Mutação descoberta num gene duplica o risco da doença

cerebroalzheimer bigO gene PLD3 pode sofrer três mutações que duplicam o risco da pessoa sofrer de Alzheimer. Uma equipa internacional de investigadores salientam que a identificação destas variantes genéticas é fundamental para abrir caminho a uma cura.

A descoberta de três mutações genéticas no gene fosfolipase 3D (PLD3) é, em simultâneo, uma boa e uma má notícia: a boa é que abre a porta para uma futura cura do Alzheimer, a má é que essas três variantes duplicam o risco da pessoa sofrer da doença.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que ocorre quando as placas do peptídeo beta-amiloide se acumulam numa formação de emaranhados neurofibrilares (um conglomerado de pequenas fibras de proteína) no cérebro. Como ainda não é conhecido este mecanismo, os investigadores tentam estabelecer relações genéticas que permitam explicar e posteriormente tratar a doença.

“O essencial é a identificação inequívoca deste gene”, salientou Carlos Cruchaga, que lidera a equipa de investigação que estabeleceu uma relação entre o gene PLD3 e as três mutações genéticas: “a importância deste novo estudo consiste na identificação de três raras variantes genéticas que aumentam o risco de Alzheimer e que estão todas no gene PLD3”.

Para identificar as variantes genéticas, os investigadores desenvolveram um estudo de sequenciação de ADN com o genoma de vários pacientes e familiares. Ao mesmo tempo, a equipa procedia a um outro estudo baseado no Alzheimer em modelos celulares e animais, com e sem o gene PLD3.

O foco da investigação incidiu em 14 famílias com um histórico de Alzheimer de aparição tardia. A principal conclusão é que uma das mutações descobertas “aumenta significativamente” o risco de desenvolvimento da doença, que passa para o dobro em relação à população geral.

O estudo, cujo resumo foi publicado na revista Nature, analisou as caraterísticas genéticas de cerca de 11.000 pessoas, com a mutação original a ser detetada em menos de um por cento dos afetados. “Essa é a grande debilidade do trabalho”, notou Agustín Ruiz, do Instituto Catalão de Neurociências Aplicadas: “o efeito da mutação é notável, mas o impacto clínico será limitado por ser tão minoritária”.

A presença do PLD3 é encarada, embora sem consenso, como sendo vital para o desenvolvimendo da doença. Os investigadores observaram que altos níveis do gene e da proteína estavam relacionados com os baixos níveis de beta-amiloide, ocorrendo o inverso nos casos de excesso do peptídeo (sendo a acumulação destas placas uma das caraterísticas essenciais do Alzheimer).

As principais tentativas para encontrar uma cura têm-se centrado nas placas de beta-amiloide, pelo que a identificação desta relação do PLD3 com as placas é um passo em frente nesse trabalho. “Este método inovador é tão importante como ter identificado o gene PLD3”, realçou o investigador Alison M. Goate, da Universidade de Washington.

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