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Aliados acordaram manter unidade e coesão, apesar das divergências

Os líderes dos 29 países da NATO entraram para a cimeira de Londres em clima de desavença, mas conseguiram diluir as divergências num comunicado conjunto que sublinha o compromisso de se ajudarem em tempos de dificuldades.

“Um por todos, todos por um”, tinha dito o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, no início da Assembleia Geral de hoje, que teve uma agenda carregada de temas de ameaças externas, mas onde eram as divergências internas o principal foco de atenção.

“As divergências atraem sempre mais atenção do que quando estamos de acordo”, explicou Stoltenberg, admitindo as diferenças entre os 29 países do Tratado do Atlântico Norte, mas preferido realçar a necessidade de capacitar a organização para “superar essas divergências” e assegurar a “solidariedade, unidade e coesão”.

Um dos temas mais delicados da cimeira foi a necessidade de os países atingirem os 2 por cento do Produto Interno Bruto em despesas no setor da Defesa, após repetidos apelos por parte do Presidente dos EUA, Donald Trump, que na cimeira de 2018 ameaçou abandonar a NATO se não houvesse maior equidade de esforço financeiro por parte dos aliados.

No comunicado conjunto, os líderes dos países membros admitiram que estão a fazer “um bom esforço”, mas que em termos de equidade financeira “é preciso fazer mais”.

Ainda no lado das divergências internas, um dos pontos quentes era a ameaça da Turquia de não apoiar o plano de defesa para os países do Báltico, a menos que a NATO aceitasse considerar como grupo terrorista as milícias curdas no nordeste da Síria, alvo de ataques por parte do Governo de Ancara.

Apesar da recusa dessa condição por parte dos aliados, o Presidente turco, Recep Erdogan, aceitou assinar a declaração conjunta, dizendo que o texto condena o terrorismo “em todas as suas formas e manifestações”, o que foi considerado suficiente para que Ancara concorde com os planos de defesa para o Báltico.

Mas o documento final da cimeira de Londres também apontou soluções para os riscos externos, nomeadamente aqueles que têm origem em Moscovo.

“As ações agressivas da Rússia constituem uma ameaça à segurança euro-atlântica”, diz o comunicado, redigido um dia depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, se ter mostrado disponível para cooperar com a NATO, embora referindo que não entende a ambição expansionista da aliança, num momento em que “a União Soviética já não existe”.

A Rússia aparece num outro ponto do comunicado, quando os membros da NATO se referem à necessidade de apostar em cenários de desarmamento, apesar das ameaças de Putin de reforço de mísseis, findo o Tratado de Armas Nucleares de Alcance Intermédio, abandonado por Washington e Moscovo.

“Estamos totalmente comprometidos com o fortalecimento do controlo, desarmamento e não proliferação de armas”, disseram os líderes reunidos em Londres, acrescentando que estão “abertos ao diálogo construtivo com a Rússia”, logo que Moscovo “torne isso possível”.

Os signatários do comunicado conjunto reafirmaram, entretanto, o seu compromisso com o Afeganistão, onde a NATO tem a sua operação militar mais longa e ambiciosa, assegurando que continuarão o esforço de pacificar a região.

A expansão da influência chinesa foi outra preocupação dos líderes da NATO, que, no comunicado, prometem proteger as suas redes de comunicação 5G, perante os avanços tecnológicos de empresas ligadas ao Governo de Pequim nesta área, que constituem uma ameaça para vários países membros.

Os líderes dos 29 países congratularam-se ainda com a adesão iminente da Macedónia do Norte, que apontam como um sinal de que a porta da organização continua aberta para quem queira partilhar os seus valores.

A próxima cimeira da NATO será realizada em 2021, anunciou Jens Stoltenberg, no final do encontro de Londres.

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