A Alemanha rendeu-se às evidências e preparou um projeto que pretende estimular a economia, para combater os efeitos recessivos das medidas de austeridade. Trata-se de uma mudança no rumo das políticas da chanceler alemã Angela Merkel, que junta o cumprimento das metas orçamentais, nos países da Zona Euro, a uma agenda para o crescimento.
Este programa alemão visa precisamente o crescimento das economias, a criação de emprego, o investimento e ainda a inovação. Os objetivos do programa da Alemanha estão bem explícitos no nome do projeto.
O jornal alemão Handelsblatt já teve acesso ao documento, que foi entretanto divulgado pela agência Reuteurs. Os Ministérios das Finanças, Economia e Negócios Estrangeiros da Alemanha elaboraram o projeto, que ficou concluído apenas na passada sexta-feira.
Entre as medidas propostas pela Alemanha está um aumento do capital do Banco Europeu de Investimentos, na ordem dos 10 mil milhões de euros, que apoiará os países em dificuldades, através de empréstimos.
Na mira de Merkel está ainda o combate ao desemprego jovem, cujo combate terá destinada uma verba de 7,3 mil milhões de euros. O governo alemão quer também criar os chamados ‘project bonds’ – obrigações daquele banco europeu que têm como finalidade apoiar projetos dos países da Zona Euro.
Não obstante estas medidas de apoio adicional a economias mais frágeis, a Alemanha pretende que os países recorram aos planos de resgate e que respeitem todas as metas estabelecidas ao abrigo dos planos de apoio financeiro.
A Alemanha quer também incentivar à adoção de reformas estruturais nos países para que as políticas económicas e financeiras estejam coordenadas, no sentido de uma verdadeira união política, económica e monetária.
De fora da agenda de Merkel continuam as eurobonds. Ontem, Joschka Fischer, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, acusou Angela Merkel de “usar gasolina” para apagar as “chamas da Europa”.
Num artigo que Fischer assina no jornal Sueddetusche Zeitung, o ex-governante germânico lança críticas à chanceler alemã e considera que “a Europa cairá no abismo se não houver entendimento entre Berlim e Paris”. Esse entendimento parece agora mais próximo, após este plano de crescimento da Alemanha.
“A Europa só não cairá no abismo, nos próximos meses, se mudar de rumo, se Berlim e Paris chegarem a acordo sobre uma união fiscal”, defende Joschka Fischer. Esta união passa por uma compra de dívida pública dos países da Zona Euro por parte do Banco Central Europeu, além da mutualização das dívidas, com a emissão de eurobonds.
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