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Alemanha: A grande coligação obriga Merkel a ceder no salário mínimo

angela merkelA CDU de Angela Merkel vai governar a Alemanha numa coligação que envolve o segundo partido mais votado, o SPD. Para firmar o acordo, os conservadores tiveram de ceder no salário mínimo e no aumento da despesa em investimento e pensões.

Os dois partidos mais votados nas recentes eleições legislativas na Alemanha vão unir-se numa coligação de governo para os próximos quatro anos. Após várias rondas de negociação, a CDU/CSU de Angela Merkel chegou a acordo com os sociais-democratas do SPD, mas teve de ceder em várias matérias económicas.

O acordo ontem anunciado tem ainda de ser aprovado pelos militantes do SPD em referendo, no início do próximo mês, de forma a que a “grande coligação” (termo utilizado pelos media alemães quando se juntam os partidos mais votados) comece a governar em meados de dezembro: será o terceiro mandato de Angela Merkel como chanceler e o segundo numa “grande coligação”.

Se os militantes sociais-democratas aceitarem o acordo com a CDU, a Alemanha irá ter um salário mínimo nacional de 8,50 euros por hora. A medida sempre rejeitada por Merkel foi uma das principais bandeiras do SPD durante a campanha eleitoral. A CDU pretendia implementar um salário mínimo por setores de atividade, de forma a equilibrar as antigas divisões entre o ocidente e o leste.

O SPD garantiu ainda o aumento da despesa pública, quer através do investimento em infra-estruturas, quer pelo aumento da despesa com as pensões, mas viu a pretensão de aumentar os impostos para os escalões com maiores rendimentos vetada pela CDU, segundo refere a Bloomberg. A “grande coligação” irá ainda criar uma taxa sobre as transacções financeiras e reduzir os subsídios à produção de energia eólica.

Este é “um pacote de medidas que podemos apresentar aos nosso militantes e ao qual podemos dizer ‘sim’”, explicou Andrea Nahles, secretário-geral do SPD, enquanto o homólogo da CDU, Hermann Grohe, salientou que “o resultado é bom para o nosso país e tem uma ampla marca democrata-cristã”.

Será o segundo acordo entre a CDU/CSU e o SPD, depois da “grande coligação” do primeiro mandato de Merkel, entre 2005 e 2009. Na legislatura seguinte, os conservadores uniram forças com o FDP, mas o tradicional aliado registou a 22 de setembro o pior resultado desde 1949 e não elegeram sequer um deputado.

Resolvido o impasse, crescem as dúvidas sobre a distribuição das pastas: a grande pergunta é se Wolfgang Schäuble, o ministro da austeridade, continuará à frente das Finanças depois da CDU ter sido obrigada a ceder no salário mínimo nacional e no aumento da despesa.

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