O álcool é a substância psicótica mais consumida pelos jovens em todas as ilhas dos Açores, seguido da canábis, e o maior incentivo ao consumo são as festas e os amigos, segundo um estudo apresentado hoje.
O estudo de caracterização do consumo de substâncias psicóticas na Região Autónoma dos Açores envolveu cerca de 12 mil adolescentes, abrangendo jovens que frequentam as escolas públicas da região.
Realizado a pedido do Governo dos Açores, através da Secretaria Regional da Saúde, este estudo iniciou-se em 2017 e foi elaborado por uma equipa da Universidade dos Açores, coordenada pela investigadora Célia Carvalho.
Durante a investigação foi realizada uma análise qualitativa do consumo de substâncias psicoativas e uma análise descritiva dos comportamentos.
Em declarações aos jornalistas, à margem da apresentação do estudo, em Ponta Delgada, a coordenadora do trabalho disse que o álcool é a substância mais consumida, enquanto a canábis é a segunda substância com maior percentagem experimental entre os adolescentes.
“Em termos de comportamentos de consumo de substâncias a grande conclusão é que não estamos tão mal como pensávamos quando iniciámos o estudo. Foi muito importante termos a possibilidade de fazermos este estudo massivo com todos os adolescentes, mas há muito caminho para andar e estamos em condições de fazer esse caminho”, referiu a professora da Universidade dos Açores Célia Carvalho.
A psicóloga adiantou que o estudo aponta um dado que “surpreendente”, com “os adolescentes a queixarem-se da falta de supervisão dos pais”.
As festas são apontadas no estudo como um dos fatores que levam os adolescentes a determinados comportamentos, tendo a investigadora frisado que uma das medidas de prevenção desenhadas pelo estudo “é a mobilização das forças da comunidade”.
“Parece existir um sentimento de desresponsabilização e de despreocupação” em termos da comunidade, sustentou ainda Célia Carvalho, indicando que o estudo sugere 10 estratégias de intervenção, entre as quais a criação de comissões de acompanhamento em que todos os cidadãos e agentes da sociedade têm um papel ativo para a criação de medidas preventivas, incluindo nas escolas.
Célia Carvalho salientou, por outro lado, que no caso da mais pequena ilha dos Açores, o estudo permitiu aferir que no Corvo “a escola acaba por ser um fator de proteção” para um menor consumo.
“As medidas apresentadas no estudo vão desde o envolvimento comunitário ao reconhecimento de que de facto tem de haver legislação e políticas que sejam restritivas destes consumos”, acrescentou.
A secretária regional da Saúde sublinhou estar-se perante “um importante estudo”, destacando que “é o primeiro com uma abrangência de 12 mil jovens e que permite um retrato da situação existente”.
“É importante salientar que, entre as 10 medidas, muitas delas já estão a ser implementadas com muitas das ações no terreno”, sublinhou a titular pela pasta da Saúde nos Açores, em declarações aos jornalistas.
Teresa Luciano lembrou ainda que “este ano os Açores, e pela primeira vez a nível nacional, publicaram um decreto-lei relativo ao álcool em que só a partir dos 18 anos é que é permitido o consumo” e sublinhou ainda que “os pais são responsabilizados nessa medida”.
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