Alberto Martins é o novo líder parlamentar do PS. Carlos Zorrinho deixa o cargo assumindo que “não queria sair”, mas satisfeito por deixar um grupo “mais forte do que há dois anos”, quando se queixou das dificuldades em liderar o “balneário” socialista.
Alberto Martins retoma a partir de sexta-feira a liderança do grupo parlamentar do PS, que deteve entre 2005 e 2009, sucedendo no cargo a Carlos Zorrinho. A confirmação partiu do secretário-geral, António José Seguro: “fiquei satisfeito por ele ter aceite o meu convite, porque é um político de enorme competência, com uma grande experiência parlamentar e capaz de mobilizar todo o grupo parlamentar para uma missão essencial que é a oposição a este Governo e de continuação de apresentação de propostas alternativas para resolver os problemas dos portugueses”.
A justificar a escolha esteve a experiência de Alberto Martins durante os governos de António Guterres e de José Sócrates. “Conhece bem os deputados que tem no grupo parlamentar e, portanto, não será difícil mobilizar todos os deputados para essa função de oposição, de combate político, mas também de proposta, que é essa a responsabilidade do PS”, argumentou Seguro.
Apesar de ter nomeado o futuro líder da bancada, Seguro sublinhou que não vai tentar impor mais nomes, alegando que o PS “tem um conjunto de deputados de enorme qualidade” e que “compete agora ao líder do grupo parlamentar, Alberto Martins, as escolhas”. “As escolhas são da sua responsabilidade e Alberto Martins conhece bem o grupo e as pessoas”, reforçou o secretário-geral.
Da bancada para o laboratório
Sobre Carlos Zorrinho, Seguro adiantou que conta com o ainda líder parlamentar para coordenar o Laboratório de Ideia e de Propostas para Portugal (LIPP), um organismo que tem como prioridade a “elaboração do programa do próximo Governo” socialista. “Para isso, o PS necessita de ter alguém com qualidades e competências, alguém profundamente envolvido no desenho do programa nacional para a agenda 20/20”, sustentou Seguro.
O secretário-geral do PS revelou ainda que tinha acordado com Zorrinho este desfecho: “a nova missão que vai ter exige uma dedicação quase exclusiva, o que é incompatível com a liderança do grupo parlamentar. Esta era uma reflexão que já mantínhamos desde abril, na sequência do congresso do PS, e que tem neste momento um desfecho, uma vez que também há necessidade de se proceder à eleição da nova direção do grupo parlamentar”.
Só que Carlos Zorrinho “não queria sair de líder parlamentar”. Foi o próprio deputado a confirmar que só aceitou a nomeação de Alberto Martins para lhe suceder por “estar disponível para tudo o que o partido quer”.
Há dois anos, Zorrinho queixou-se do “balneário” socialista. Na hora da saída, realça o trabalho feito: “quando aceitei ser líder parlamentar do PS, sabia que me esperava um desafio muito difícil. Foi desenvolvido com muito sucesso. Temos hoje um grupo parlamentar que, mantendo a diversidade, é mais coeso”.