Al-Qaida renasce, mas Estado Islâmico permanece maior risco para Europa

A rede terrorista Al-Qaida está a renascer em várias regiões do mundo a par do declínio do grupo Estado Islâmico, embora este continue a ser o principal risco para a Europa, defendeu o especialista José Manuel Anes.

“Aqui na Europa, claramente, [o maior risco] é ainda o Estado Islâmico, que aproveita sempre algum tipo de oportunidade para fazer um ataque”, disse à Lusa o especialista em segurança e terrorismo e ex-presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), a propósito do 30.º aniversário da rede terrorista fundada por Usama bin Laden.

Enquanto o Estado Islâmico (EI) ganhava território, financiamento e militantes, a Al-Qaida era “criticada por todos” os extremistas, que a comparavam a “um grupo de velhos que já não tinha capacidade operacional” e que consideravam o Estado Islâmico “a verdadeira vanguarda do islamismo radical”.

Mas, depois das recentes perdas territoriais do EI no “califado” que proclamou em 2014 em partes da Síria e do Iraque, e a consequente perda de poder, a “Al-Qaida saiu mais ou menos incólume da situação e está aí”, explicou Anes, admitindo que a organização “não tem a capacidade operacional que o EI chegou a ter, mas está perfeitamente capaz de fazer atentados e de atuar, já com mais racionalidade”.

“A Al-Qaida está a renascer, não digo das cinzas, porque ela não foi destruída, mas está a renascer e a posicionar-se nas suas diversas áreas de intervenção”, prosseguiu o especialista, apontando como principais palcos da rede terrorista nos próximos anos o norte e centro de África, o Afeganistão e o Paquistão, onde o movimento Talibã do Paquistão (Tehrik-i-Taliban Pakistan), se mostra como “um braço da Al-Qaida muito forte e com muitos atentados no Paquistão e no Afeganistão”.

Além da Al-Qaida na Península Arábica (AQPA), que reivindicou o último atentado da Al-Qaida na Europa, o ataque à redação do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, a 7 de janeiro de 2015.

Antes considerada a mais perigosa “filial” da Al-Qaida, a APQA é atualmente instrumental no conflito no Iémen para aliados dos Estados Unidos como a Arábia Saudita na luta contra as milícias ‘Huthi’, apoiadas pelo Irão, o “inimigo principal”.

A rede terrorista não conhece “um período de expansão tão pujante e tão forte como o EI teve, mas vai recuperando e, portanto, pode atacar. Mais nesses locais extra-europeus, menos na Europa”, explicou.

Há uma “juventude entusiasmada” com a “ideologia apocalíptica do EI” que “não deixa muito espaço para que a Al-Qaida respire aqui na Europa”.

Esses jovens “sentem-se parte de um movimento mundial que vai resgatar a honra perdida do Islão e, nesse sentido, essa ideologia apocalíptica entusiasma-os. [Pensam:]’Estamos a acelerar o fim do mundo e, mesmo que morramos, vamos para o céu e esta civilização há de acabar'”, explicou.

Mas “as coisas podem mudar”, advertiu. “Porque essa imagem de um grupo de velhos, que pouco faziam, está a passar, devido à crise do EI […] Se a Al-Qaida tiver uma ação espetacular, que entusiasme os seus seguidores na Europa, também pode ser que a situação mude”.

Lusa

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