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Agência de notícias de Cabo Verde deve ser uma referência a nível africano

O ministro da Cultura e Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, defendeu hoje que a agência de notícias Inforpress deve ser uma referência não só a nível lusófono, mas também a nível regional africano.

“Temos uma estratégia global de tornar a Inforpress numa agência de referência; o papel da agência de Cabo Verde é afirmar-se como a agência de referência no contexto africano, não só lusófona; há alguma ousadia mas temos a ambição de ser a agência noticiosa de referência e ser um país de plataforma no hub aéreo e tecnológico, para deixarmos de ser um país pequeno ao pé do Senegal”, disse Abraão Vicente na intervenção de abertura da cerimónia de assinatura de um protocolo com a agência Lusa.

Para o governante, este acordo com a agência de notícias portuguesa materializa a aposta feita na agência de notícias cabo-verdiana: “Desde 2016 o que fizemos foi tirar a Inforpress da extinção, porque uma agência de notícias fundida com o canal público de televisão é uma agência que não existe”, lembrou.

Abraão Vicente defendeu uma agência de notícias independente, isenta, imparcial e plural, “tão forte que se confunda com oposição política”, disse, explicando: “Espero que seja tão autónoma que se confunda com o oposição ao governo, não quero que faça oposição, mas que confronte, e que a médio e longo prazo, os órgãos de comunicação públicos, principalmente a agência, seja tão forte que as pessoas se esqueçam que é tutelada pelo Governo”, afirmou.

O governante lembrou que o seu partido, o Movimento Para a Democracia, tem 20 das 22 câmaras municipais, e defendeu “jornalismo de qualidade, de fiscalização, até porque o sistema politico em Cabo Verde precisa que a comunicação social funcione como um quarto poder, efetivo e eficaz, e que se consiga fazer a separação entre desinformação e informação de qualidade, que melhora a democracia”.

As ideias do governante foram expressas durante a intervenção na cerimónia de assinatura de um protocolo de formação com a agência Lusa, que começa hoje na Praia.

“São sete formações financiadas e cofinanciadas pela cooperação portuguesa, que se inserem no plano de criar autonomia de pensamento, de valorização da agência e de aprofundamento do pensamento crítico, e que vai ajudar a separar totalmente um dos aspetos presentes no debate nacional, que é a presença excessiva dos partidos e da política em tudo o que é comunicação social”, concluiu o ministro com a tutela da comunicação social.

Na intervenção, o presidente do conselho de administração da Lusa, Nicolau Santos, defendeu que a presença da agência portuguesa em Cabo Verde “é para ficar” e recorreu a uma analogia para explicitar o seu objetivo: “Esta formação não passa por vir aqui dar um peixe, mas sim para ajudar a que vocês saibam pescar cada vez melhor”, disse, para uma plateia composta maioritariamente pelos jornalistas que começam hoje a formação dada pela Lusa.

“A resposta aos desafios atuais que o jornalismo enfrenta tem de ser praticar mais e melhor jornalismo, e daí esta ação de formação”, acrescentou, na intervenção sobre o protocolo que a embaixadora portuguesa, Helena Paiva, considerou ser o resultado de uma “quadratura de vontades”.

“Houve uma quadratura virtuosa de vontades, o Instituto Camões, a Lusa, a direção geral da comunicação social e da Inforpress”, disse, salientando que “o Instituto Camões não hesitou em cofinanciar o projeto, pois reconhece a comunicação social como um fórum privilegiado para a livre expressão e uma condição categórica da democracia”.

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