Entre as críticas ao Orçamento de Estado, como o corte na sobretaxa do IRS para “enganar o povinho”, o antigo ministro das Finanças Silva Lopes refere que a Alemanha está a condenar a moeda única: “admito que o euro, a prazo, se possa partir”.

Silva Lopes, antigo ministro das Finanças, teceu fortes críticas à política financeira europeia e nacional, acusando a Alemanha de estar a condenar o euro “a prazo” e o Governo de Passos Coelho de tentar “enganar o povinho”. Em entrevista à Antena 1, o economista antecipa que Portugal será “a primeira” vítima da “enxurrada” que a política de Angela Merkel está a semear.

Os alemães, precisou Silva Lopes, “não quiseram expandir a procura interna, não quiseram expandir o consumo, quiseram travar os salários, não aumentaram os gastos do Estado” e tiveram uma única preocupação, “aumentar as exportações”, algo em que “são muito bons”. O problema é quando as “regras alemãs” passam a ser aplicadas a todos os países.

“O que os alemães fazem é uma asneira monstruosa” e “nós vamos na enxurrada. Somos os primeiros, aliás”, antecipou: “Eu admito que o euro não vai poder funcionar com estas regras alemãs. Admito que o euro, a prazo, se possa partir”.

Se o rumo europeu é dramatizado por Silva Lopes, a nível nacional o cenário não melhora. Quando questionado sobre o Governo de Passos Coelho, o antigo governador do Banco de Portugal admitiu que não lhe inspira “confiança”, dando como exemplo a redução em 0,5 por cento da sobretaxa do IRS: “isto é só para tentar enganar o povinho. O que é que interessa meio por cento no conjunto destas desgraças todas. É um ‘fait-divers’. Não alivia as dificuldades das pessoas, as pessoas vão ter dificuldades na mesma”.