Expulsa do PCP em 1988, a antiga militante comunista Zita Seabra fez uma acusação grave, que envolve o partido. De acordo com Seabra, o PCP usava a FNAC – Fábrica Nacional de Ar Condicionado (empresa que operou entre no mercado 1978 e 1994) para fazer espionagem em diversos governos, através da colocação de sistemas de escuta em gabinetes de diversos executivos, o que permitia aos comunistas ter acesso a informação privilegiada.
A FNAC era uma empresa “estratégica e simpática” para o PCP, segundo Zita Seabra, que colocava diversos microfones em espaços privados, numa prática de espionagem com a finalidade de recolher dados que eram muitas vezes secretos.
O PCP reagiu em declarações ao semanário Sol, retirando “credibilidade” a Zita Seabra. “Essa pessoa não merece qualquer crédito”, disse fonte do partido àquele jornal, reagindo às declarações da antiga militante comunista, que na quinta-feira passada denunciou a alegada espionagem na SIC Notícias.
Zita Seabra, recorde-se, foi dirigente comunista, mas acabou por ser expulsa no ano de 1988. Entretanto, a antiga militante do PCP exerceu a função de deputada, eleita pelas listas do PSD, acumulando a carreira profissional de editora.
E foi precisamente a profissão de Zita Seabra que serviu como base a um desmentido, sob a forma de ironia, por parte do empresário Alexandre Alves, proprietário da FNAC. “Essa história [a acusação de Zita Seabra de espionagem do PCP através de aparelhos de ar condicionado] deve fazer parte de um novo livro que está para sair…”, afirmou Alexandre Alves, na SIC Notícias, acusando Zita Seabra de “ignorância”.
“Só posso rir-me desta ignorância absoluta. Não faz sentido e é ridículo menosprezar milhares de engenheiros portugueses e em toda a Europa que eram clientes da FNAC”, sustentou Alves, na SIC Notícias.
Zita Seabra disse também que a FNAC recebia financiamento pela então República Democrática da Alemanha e que o seu verdadeiro negócio não era o fabrico de ar condicionado. Servia como trunfo para espionagem em gabinetes de governos, em virtude da facilidade de acesso a “sítios nevrálgicos” de membros de diversos executivos. Além de equipamentos de ar condicionado, segundo Zita Seabra, a empresa colocava microfones, para que o PCP pudesse ter acesso a informação privilegiada.
A FNAC operou num período em que estiveram em funções governos de Mota Pinto, Maria de Lurdes Pintasilgo, Francisco Sá Carneiro, Pinto Balsemão e de Mário Soares, entre os anos de 1978 e de 1994.
O PCP desvaloriza, mas a verdade é que está irritado com esta acusação. Num comunicado, os comunistas revelam que as afirmações de Zita Seabra “não merecem qualquer crédito ou comentário”. A verdade é que esta nota é, em sim mesma, um comentário.
Zita Seabra merece duras críticas de Alexandre Alves, que em declarações ao Sol acusa a ex-comunista de se ter “vendido” e de ter produzido afirmações “absolutamente falsas”.
A antiga militante comunista, recorde-se, fizeram outras acusações ao PCP. As agressões recentes ao candidato socialista Vital Moreira foram, segundo Zita Seabra, protagonizadas por elementos do PCP. A relação entre Seabra e o seu antigo partido ficou abalada desde a expulsão. No entanto, esta é a mais grave acusação de que os comunistas são alvo.
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