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Acordo de Moçambique com credores pode promover transparência

O Standard Bank considera que o acordo de Moçambique com parte dos credores da dívida pública, anunciado na terça-feira, pode promover a transparência na gestão das suas futuras receitas de gás natural.

O Governo anunciou que o acordo prevê pagamentos através de um instrumento financeiro indexado às receitas tributárias com o gás.

“A partir de uma perspetiva de política pública, esses instrumentos [designados em inglês como VRI – Value Recovery Instruments] provavelmente terão o efeito de levar o Governo a ser transparente em relação às receitas geradas pelo setor do gás”, lê-se numa nota da equipa de análise do banco dedicada a África, hoje divulgada e a que a Lusa teve acesso.

O acordo diz respeito aos títulos (‘eurobonds’) que representam cerca de 725 milhões de dólares de um total de dois mil milhões de dólares em dívidas ocultas contraídas pelo Estado moçambicano entre 2013 e 2014 – estando por reconfigurar cerca de 1,4 mil milhões de dólares relativos aos empréstimos às empresas públicas Proindicus e Mozambique Asset Management (MAM).

Na mesma nota de análise de hoje, o Standard Bank considera que “um acordo para reestruturar esses empréstimos [à Proindicus e MAM] asseguraria que esta proposta [anunciada na terça-feira] é credível”.

O banco já defendeu no passado que “as amortizações dos empréstimos [à MAM e Proindicus] foram provavelmente a razão primária para o Governo entrar em incumprimento com todos os credores”.

No mercado, os título da dívida moçambicana ‘eurobonds 2023’ subiram mais de 7 por cento na terça-feira, acrescenta.

Moçambique anunciou na terça-feira um acordo preliminar com 60 por cento do detentores daqueles títulos, entendimento segundo o qual o país retoma os pagamentos já em março de 2019 e entrega até 2033 uma fatia de 5 por cento das receitas fiscais do gás natural, cuja exploração arranca em 2022.

Estes títulos representam cerca de 725 milhões de dólares do total de dois mil milhões de dólares de dívidas ocultas contraídas ilegalmente pelo Estado em 2013 e 2014 e são a única parcela sobre a qual há um acordo preliminar, sujeito ainda a diversas aprovações.

Os novos títulos terão um valor nominal de 900 milhões de dólares, com maturidade a 30 de setembro de 2033 e um cupão de 5,875 por cento, mais baixo que o atual, de 10,5 por cento, e sobre o qual Moçambique entrou em incumprimento.

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