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Acordar com as galinhas pode ser o segredo do combate à malária

Um estudo de realizado na Etiópia conclui que, com galinhas no quarto, as probabilidades de ser picado pelo mosquito Anopheles arabiensis são menores. O combate à malária pode passar por aqui, segundo a pesquisa, publicada no Malaria Journal.

As galinhas podem ser um aliado no combate a doenças que se propagam por picada de mosquito. A conclusão de um estudo de uma universidade sueca remete-nos para a malária. Mas não só.

Imagine um cenário surreal: deita-se na sua cama e, à sua volta, dentro do quarto, algumas galinhas. A ideia pode parecer estranha, mas quando estamos perante um modo de combater doenças mortais, como a malária, há uma questão a ter em conta: as prioridades.

De acordo com um estudo da Universidade de Ciências Agrícolas da Suécia – feito por investigadores suecos, com o contributo de cientistas da Universidade de Adis Abeba, na Etiópia – a presença de uma galinha junto a um humano reduz a probabilidade da picada de qualquer mosquito.

Em causa está o cheiro natural que aquelas aves libertam, cheiro esse que afasta os mosquitos.

Os autores da pesquisa – que mereceu honras de publicação no Malaria Journal – realizaram uma experiência que contou com o contributo de voluntários, que dormiram com uma galinha viva e enjaulada junto à cama.

Outro grupo de voluntários dormiu sem galinhas por perto e com medicamentos para afastar mosquitos. Nos dois grupos foram utilizadas redes mosquiteiras.

Refira-se que a experiência decorreu em três aldeias da região de Oromo, na Etiópia, onde 60 por cento da população enfrenta perigos de contrair malária por picada de mosquito.

Os resultados deste estudo foram claros. A presença das galinhas reduziu de forma significativa a quantidade de mosquitos nos quartos, sendo que aqueles animais funcionaram como um repelente natural.

O passo seguinte deste estudo passará por extrair as substâncias da galinha que provocam aquele efeito nos mosquitos e produzir um repelente eficaz.

Os cientistas etíopes, liderados por Habte Tekie, professor de entomologia na Universidade de Adís Abeba, já avançaram neste sentido, colocando em frascos o extrato do cheiro de galinha.

O mosquito Anopheles arabiensis, vetor da malária, pica seres humanos e gado, mas nunca ‘ataca’ as galinhas, o que esteve na base deste estudo.

A malária é provocada por um parasita do género Plasmodium, que é transmitido aos seres humanos através da picada de uma fêmea do mosquito Anopheles.

Existem várias espécies, mas o Plasmodium falciparum é o mais perigoso para os humanos e o mais prevalente em África, onde se concentram 90 por cento das mortes pela doença.

Os primeiros sintomas da malária são febre, dores de cabeça e vómitos e aparecem entre 10 e 15 dias depois da picada do mosquito, mas se não for tratada, a malária por P. falciparum pode progredir para uma fase grave e acabar por matar.

O combate à doença integra diversas estratégias, que passam pela prevenção, através do uso de redes mosquiteiras impregnadas de inseticida e pulverização do domicílio, assim como pelo diagnóstico e tratamento dos casos confirmados com medicamentos antimaláricos.

Com o avanço da ciência, poderão ser encontradas novas formas de combater o mosquito. E as galinhas podem ser um aliado nesta luta.

A malária mata cerca de 600 mil pessoas por ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta para um problema: há 278 milhões de pessoas sem acesso a mecanismos de prevenção, como redes mosquiteiras ou inseticidas.

Isto porque, embora os medicamentos tenham vindo a evoluir, o parasita também e vem mostrando uma cada vez maior resistência aos fármacos. A doença ainda é endémica em África, América do Sul e algumas regiões da Ásia.

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