O caso que envolve o deputado João Galamba teve origem no Twitter, onde o parlamentar socialista pediu uma ligação pirata para poder ver, de forma gratuita, o jogo entre leões e dragões. “Há links para o Porto-Sporting?”, publicou Galamba, na sua conta.
A Associação do Comércio Audiovisual de Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal (Acapor) reagiu, através de uma carta assinada pelo seu diretor, Nuno Pereira, que pede a renúncia ao mandato, por parte de João Galamba.
“Independentemente da questão penal do comportamento e da inerente incitação à prática de crime à comunidade, a falta de sensibilidade para a problemática por si manifestada e o desprezo pelo drama das famílias que perderam o seu sustento às mãos da pirataria deveriam levar o Sr. deputado a apresentar a renúncia ao seu mandato”, pode ler-se, na missiva que se encontra publicada no site da Acapor.
Esta associação começa por manifestar “o seu profundo desagrado com o comportamento” de João Galamba na rede social Twitter, “com o pedido à comunidade que lhe facultasse um link com a transmissão não autorizada do jogo entre o FC Porto e o Sporting”.
“A pirataria é a principal causa da perda de quatro milhões de espectadores nas salas de cinema em menos de três anos – 1,1 milhões só nos últimos 10 meses –, é responsável por não existir atualmente exibição regular de cinema dos distritos de Évora, Beja, Portalegre e Castelo Branco. A pirataria está ainda na origem da perda de 25 milhões de vendas de DVDs/Blu-Rays em apenas quatro anos”, assinala o presidente daquela associação.
Para a Acapor, a pergunta que João Galamba faz no Twitter revela “um fracasso da parte da indústria – onde a Acapor se inclui – na sensibilização para o problema em causa” e para “as consequências nefastas e arrasadoras do problema da pirataria”.
“A revelação pública, não hesitante e despudorada de que o Sr. Deputado procura ver por canais ilegítimos uma transmissão desportiva com exclusividade de visionamento por subscrição paga é prova que, provavelmente, andamos a perder o nosso tempo na Assembleia da República”, acusa Nuno Pereira.
Por outro lado, lembra o dirigente da Acapor, “existem milhares de pessoas que ficaram sem o seu posto de trabalho e centenas de famílias que perderam as suas empresas”, vítimas da pirataria.
“Independentemente da questão penal do comportamento e da inerente incitação à prática de crime à comunidade, a falta de sensibilidade para a problemática por si manifestada e o desprezo pelo drama das famílias que perderam o seu sustento às mãos da pirataria, deveriam levar o Sr. Deputado a apresentar a renúncia ao seu mandato (…) em face da grosseira violação” da lei.
O presidente da Acapor termina a carta com um pedido para que João Galamba renuncie ao mandado de deputado.
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