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Academia das Ciências vai rever ortografia portuguesa

A Academia das Ciências vai apresentar propostas de melhoramento do acordo, apesar de achar que a ideia é “utópica”, de modo a resolver os problemas de “instabilidade ortográfica” criados com o documento de 1990.

Artur Anselmo, presidente da Acadamia das Ciências de Lisboa, anunciou hoje, em entrevista ao jornal Público, que em janeiro do próximo ano o organismo vai lançar os Subsídios para o Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico, um estudo que visa aperfeiçoar o novo Acordo Ortográfico e estabelecer novos critérios orientadores mais uniformes.

“O normal é o respeito pelas ortografias nacionais”, explica, criticando o poder político pelas decisões tomadas neste campo.

“A Academia foi consultada em 1990 mas não foi consultada quando um ministro resolveu pô-lo em vigor”, queixa-se o presidente da instituição, que possui o estatuto legal de “órgão consultivo do Governo português em matéria linguística”.

Por esse motivo surge agora a iniciativa de revisão do acordo, pelo que Artur Anselmo defende que tem de ser encarado como “um problema científico” e “por mais que nós possamos negociar com forças políticas, sociais, sindicais, na base está a ciência”.

Para além disto, Artur Anselmo explica que “o que vai apresentado é uma proposta no sentido de seguirmos a ordem alfabética de 1945”, que em janeiro publicará Subsídios para o aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, juntamente com a coordenação da lexicógrafa Ana Salgado, responsável pelo novo Dicionário da Língua Portuguesa, cuja publicação está prevista para 2018.

Ana Salgado defende que “o Acordo Ortográfico, assinado em 1990, é ambíguo, omisso e lacunar, não estabelecendo uma ortografia única e inequívoca, deixando várias possibilidades de interpretação em muitos casos, o que tem provocado alguma instabilidade ortográfica” e que “qualquer tentativa de uniformização ortográfica nos diversos países que usam a língua portguesa como oficial é utópica”.

Por fim, o presidente da Academia admite ao Público que o dicionário de 2011 tem “lacunas terríveis”, defendendo que nesta questão “a política é incompetente” e “não deve meter o nariz onde não é chamada”.

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