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“Acabei de saber que um tio é uma destas vítimas de covid-19. Era médico e morreu por causa de uma festa de Natal”

A médica Sílvia Saraiva comentava hoje na CMTV os números do pior dia de sempre, em Portugal. Acaba por relevar que uma das vítimas é o tio e faz votos para que a sua história, contada em direto, sirva de alerta. “Gostaria que esta morte não fosse em vão. Quero fazer-lhe uma homenagem. Ele, como médico, também gostaria que a morte dele não fosse em vão”, disse.

No momento em que eram conhecidos os piores dados de sempre em Portugal, desde o início da pandemia, a médica Sílvia Saraiva contou, na CMTV, nesta terça-feira, que uma dessas vítimas era seu tio, médico, que participou numa celebração de Natal, com a família.

“Acabei de saber que um tio meu morreu, vítima de covid-19. Isto vai afetar todos nós. Soube há 10 minutos. Isto vai tocar a todos. Não estou a dizer isto com dramatismo, porque infelizmente estávamos à espera”, referiu a médica, quando comentava, naquele canal, os números do boletim epidemiológico desta terça-feira, que dão conta de mais 218 vítimas mortais, o número mais alto de sempre, desde o início da pandemia.

Sílvia Saraiva contou que o tio participou numa festa de Natal: “Quero confessar que foi um ramo da minha família que fez uma festa de Natal. Isto aconteceu por causa de uma festa. Foi com inocência que o fizeram, com toda a boa-vontade, com a alegria de uma família que tem muitas tradições de Natal, mas as coisas acontecem. Tinha 75 anos. Era um médico reformado”.

Na véspera, as pessoas daquela família “fizeram um teste rápido e estavam todas negativas”. “No dia 28, já estavam todos positivos. Os testes rápidos não servem para uma família tomar decisões sobre se os seus elementos podem estar juntos para uma celebração”, aconselha a clínica.  

Sílvia Saraiva revelou que todas as pessoas que participaram naquela celebração estavam assintomáticas. “Sem o mais pequeno sintoma”, reforça. “Todo o ramo daquela família ficou infetado, numa festa em que participaram 10, 12 pessoas”, salienta ainda. 

“Todos ficaram infetados. As duas pessoas mais idosas estiveram em cuidados intensivos. A minha tia saiu, o meu tio morreu há pouco”.

Sem querer tecer críticas à decisão de reunir a família em época natalícia, Sílvia Saraiva espera que esta perda humana sirva de exemplo para todas as pessoas que se julguem ‘imunes’ à covid-19.

“Embora mal tomada, foi uma decisão inocente. Não quero desresponsabilizá-los com a tal inocência, mas estas coisas acontecem. Não acontecem só aos outros”, referiu.

“Gostaria que esta morte não fosse em vão. Quero fazer-lhe uma homenagem. Ele, como médico, também gostaria que a morte dele não fosse em vão”.

E numa análise aos números de hoje, onde um dos 218 óbitos é o do seu tio, Sílvia Saraiva manifesta o desejo de que esta pequena história sirva de alerta.

“É muito provável que o número de mortos aumente. As mortes de hoje não as podemos prevenir, mas podemos prevenir as mortes daqui a 15 dias. Fiquem em casa, por favor”, concluiu.

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