Cultura

“Acabamos por parecer uns pedintes”. Pêpê Rapazote critica apoios à cultura em Portugal

O ator Pêpê Rapazote, que tem alternado papéis em novelas portuguesas com personagens em séries internacionais de renome, denunciou a inexistência de uma política cultural em Portugal.

O barão de droga na série ‘Narcos’ defendeu, em entrevista à Selfie, que a “evolução” do setor em Portugal se deve unicamente à “dinâmica” dos agentes, pois da tutela não surge qualquer “rumo” a seguir.

“Não há política cultural em Portugal. Mais do que os apoios ou a dinâmica, é um rumo que nunca existiu. E é isto que, depois, faz as companhias de teatro parecem uns pobrezinhos a pedir esmola, quando deviam ser os motores das mudanças das mentalidades de um país, de uma geração, de duas gerações e acabamos por parecer uns pedintes”, afirmou.

Um pensamento que parece “uma frase batida de um partido qualquer”, mas que espelha a revolta de quem vive de um setor para o qual só há “medidas avulsas” e… “controversas”.

“Falta-nos mesmo uma política cultural, porque nunca existiu. Há umas medidas avulsas e, mesmo essas, extremamente controversas”, insistiu.

A ganhar dimensão internacional pelos papéis em séries como ‘Rainha do Sul’ e ‘Narcos’, Pêpê Rapazote garantiu os atores nacionais têm qualidade para singrar em qualquer produção no estrangeiro.

“Em qualquer lado do mundo, qualquer produção será mais suave do que uma novela em Portugal. É a minha experiência. Tudo é mais fácil e com mais tempo, mais calma e cuidado do que fazer novelas em Portugal e, por isso, saímos daqui preparados para tudo. Armados até aos dentes, com camuflado, arma ao ombro e vamos”, realçou.

O ator salientou ainda que a cultura foi dos setores mais afetados pela pandemia de covid-19, estando agora “pela hora da morte”.

“Somos tão poucos nesta profissão com o desafogo suficiente de não ter a corda ao pescoço no final de cada mês… Eu, também, já fiz teatro, a receber 80 contos [cerca de 400 euros] e a ter que pagar Segurança Social daí e a não sobrar nada, a contar os tostões. A percentagem daqueles que são bem sucedidos a nível financeiro é muito pequena. Os profissionais da cultura vão passar muito, muito mal”, finalizou.

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