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Abertas mesas de voto no Afeganistão para as eleições presidenciais

As mesas de voto abriram esta manhã no Afeganistão para as eleições presidenciais considerada decisivas, num turbilhão de incertezas, com candidatos que desistiram por falta de segurança, após uma campanha em que foram mortas centenas de pessoas.

“Venha votar”, apelou o chefe da Comissão Eleitoral Independente do Afeganistão (IEC), Hawa Alam Nuristani, na abertura oficial das urnas.

Cerca de 9,6 milhões afegãos em aproximadamente 4.928 mesas de voto foram chamados a participar no ato elritoral que teve início à 07:00 (03:30 em Lisboa) e que deverá decorrer até às 15:00.

Cerca de um terço das escolas, de um total de 7.385 localizadas nas áreas sob controle do governo afegão, permanecerão fechadas devido a problemas de transporte e segurança.

Para garantir a segurança nas urnas, o Afeganistão enviou 72.000 membros das forças de segurança e colocou outros 30.000 em alerta, segundo dados do Ministério do Interior do país.

Muitos observadores dizem que o número de boletins de voto ficará muito aquém dos oito milhões registados em 2014, apesar de o número de mulheres ter aumentado em cerca de 500 mil (estando agora inscritos cerca de nove milhões de eleitores).

Os opositores de Ghani e de Abdullah consideram que algumas das urnas vão estar fechadas numa estratégia governamental de controlar as secções mais desfavoráveis ao regime vigente.

O Presidente do Afeganistão será eleito num sistema de duas voltas (se nenhum candidato conseguir 50 por cento dos votos no sábado) e todos os candidatos concordam que o seu mais exigente desafio, caso vençam, é negociar um cessar-fogo com as forças talibã, num conflito militar que já dura há 18 anos.

Na última década, nenhuma eleição no Afeganistão terminou sem registar centenas de assassínios e dezenas de acusações de fraude e o escrutínio de sábado não será exceção, depois de uma campanha repleta de atentados à bomba e denúncias de burlas, que já levaram à desistência de três dos 17 candidatos que se apresentaram.

Na passada semana, dezenas de pessoas foram assassinadas quando os talibã destruíram um hospital e um veículo aéreo não tripulado (‘drone’) das Forças Armadas norte-americanas matou vários agricultores que faziam a apanha de pinhões.

Na quarta-feira, a caravana do Presidente afegão, Asharf Ghani, que se recandidata ao cargo e é favorito nesta eleição, foi alvo de mais um ataque dos talibã, que provocou a morte de quatro pessoas, incluindo um jornalista e uma criança, depois de um outro ataque, em 17 de setembro, que matou 26 pessoas e feriu 42.

Os Estados Unidos tinham iniciado negociações, que decorriam em bom ritmo, até que o Presidente Donald Trump decretou o seu fim, depois de um ataque talibã ter morto um soldado norte-americano, no início de setembro.

A paragem das negociações entre os talibã e os EUA e o fim da ajuda humanitária acabou por ser um dos tópicos centrais nos últimos dias de campanha, embaraçando particularmente o Presidente e candidato incumbente, que se tinha envolvido pessoalmente nesse processo de paz.

Mas Ashraf Ghani leva arrastado consigo no turbilhão de acusações de incapacidade para lidar com o conflito militar o seu mais direto adversário, Abdullah Abdullah – que contestou o resultado das eleições presidenciais de 2014, onde ficara em segundo lugar, criando um impasse político que levou a que fosse criado o posto de Chefe Executivo para o acomodar – que também se viu criticado pelos adversários pela atual situação económica, política e social.

A instabilidade no Afeganistão rapidamente alastrou à campanha, levando três candidatos a abandonar a corrida, todos dizendo que não há condições de segurança nem transparência.

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