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“A prisão de um político não mancha a dignidade dos outros”, diz Marinho Pinto

marinho pinto 210 No dia em que apresentou o processo do PDR no Tribunal Constitucional, Marinho Pinto fez a defesa da classe política e afirmou que, “se calhar, há alguns bem piores do que Sócrates”. “A prisão de um político não mancha a dignidade de todos os outros”, argumentou.

O antigo advogado Marinho Pinto é, cada vez mais, um político. Hoje, ao apresentar o processo de legalização do Partido Democrático Republicano (PDR) junto do Tribunal Constitucional (TC), o eurodeputado recorreu à prisão preventiva de José Sócrates para criticar a “teatralização da política” e fazer a defesa dos agentes políticos.

“Uma andorinha não faz a primavera e a prisão de um político não mancha a dignidade de todos os outros. O problema é que, se calhar, há alguns políticos bem piores do que o Sócrates que deviam estar na cadeia”, afirmou o antigo bastonário da Ordem dos Advogados, quando falava com os jornalistas à margem da formalização do PDR.

De acordo com Marinho Pinto, que não referiu nomes, há exemplos de políticos cujos atos tiveram consequências “bem mais graves” e nem sequer foram detidos, ao contrário do que sucedeu com o ex-primeiro-ministro.

“Se calhar, há políticos que cometeram factos bem mais graves do que aqueles que são imputados hoje a Sócrates e estão aí em liberdade a gastar de forma obscena e a exibir de forma obscena as fortunas que acumularam no exercício das funções políticas”, acusou Marinho Pinto.

“A justiça é como é”, acrescentou o advogado: “prender para investigar lembra os piores tempos da inquisição e do santo ofício, os piores tempos das ditaduras do século XX”.

Para o eurodeputado, a Justiça portuguesa “humilha as pessoas” com os procedimentos adotados, lamentando que “se prenda primeiro e se investigue depois”.

Nesse sentido, o PDR vai apresentar “um discurso novo”, alicerçado no “respeito pela dignidade humana”, acrescentou o fundador do partido.

“Grande parte da sociedade portuguesa afastou-se da democracia, das eleições, do debate político, perdeu o interesse na própria política. Mais de metade dos eleitores já não vota nas eleições legislativas, mais de dois terços dos eleitores já não votaram nas eleições europeias”, friosu.

Marinho Pinto resumiu assim os objetivos do PDR: “Nós queremos trazer essas pessoas para a democracia, porque é na democracia que se resolvem os problemas coletivos, é na democracia, no respeito pela liberdade, que se resolvem os problemas do País e do povo português”.

Depois de deixar o MPT, pelo qual foi eleito eurodeputado, o ex-bastonário atacou os três partidos do arco do poder: “Nós dizemos aos portugueses que se estiverem satisfeitos com atuação do PS ou do PSD ou do CDS nos últimos 30 ou 40 anos continuem a votar nesses partidos. Nós dirigimo-nos àqueles que deixaram de votar, que desacreditaram da política porque a política não conquistou a confiança das pessoas”.

O PDR, garantiu, aparece para travar o “carreirismo na política”: “O deputado eleito olha à carreira política e não aos interesses do povo a quem prometeu tudo e o seu contrário na campanha eleitoral e aqui é que está um dos graves problemas da nossa democracia”.

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