Os cientistas estão a ‘construir’ uma orelha humana com a tecnologia de impressão a 3D. A orelha é impressa num material biocompatível que já usado em transplantes.

A anedota é clássica: depois de surpreender os pais ao portar-se bem e não gozar com o menino sem orelhas, o Joãozinho explicou porque estava sempre a dizer “Deus te guarde os olhinhos”: o outro menino não teria como segurar os óculos.

Pois agora a ‘orelha de substituição’ é quase, quase uma realidade. De acordo com um artigo publicado na Nature Biotechnology, os investigadores do Wake Forest Institute for Regenerative Medicine estão a imprimir orelhas a três dimensões (3D).

O verdadeiro avanço científico não está no 3D, mas no material usado para a impressão da orelha: um tecido biocompatível que já é usado em transplantes.

O principal desafio é conseguir que a ITOP (a impressora de tecido humano, numa tradução livre) consiga imprimir tecido suficiente, uma vez que as células do ‘verdadeiro’ tecido (no caso, a pele) têm de estar próximas o suficiente para assegurar a distribuição dos nutrientes necessários.

Para já, as ‘peças’ da orelha estão a ser impressas com um tamanho sempre inferior a dois milímetros, como revelou Anthony Atala, o investigador que coordena o estudo.

Esta ‘pele’ a 3D é depois unida com um hidrogel que atua como “tinta biológica”, complementou o cientista: “O que estamos a fazer com esta tecnologia de impressão é a criar microcanais na estrutura que permitam a circulação dos nutrientes e, em suma, ultrapassar os limites da natureza”.

A ideia resulta na prática… em ratinhos. Testes conduzidos há cinco meses, com tecido ósseo impresso a 3D, alcançaram resultados positivos, com tecido vascular a fixar-se aos implantes e sem a existência de necroses.

A partir de uma TAC ou de uma ressonância magnética, os investigadores querem agora ‘desconstruir’ a orelha ‘original’ em camadas para depois ser produzida uma gémea a 3D.

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