Cultura

“A menor língua do mundo” a partir de quinta-feira no Teatro Nacional D. Maria II

A possibilidade de em 2100 o mundo perder metade das línguas existentes foi um dos pontos de partida da peça “A menor língua do mundo”, que quinta-feira sobe ao palco do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

Estreada em setembro passado, em Alcanena, no âmbito do Festival Materiais Diversos, “A menor língua do mundo” é um espetáculo de Alex Cassal e Paula Diogo e vai estar em cena a sala Estúdio até 15 de março.

A peça resultou de um desafio lançado pela diretora do Materiais Diversos, Elisabete Paiva, tendo o espetáculo sido construído com “pequenos pedaços” dos lugares por onde a equipa passou.

Dos 7.000 idiomas falados atualmente, espera-se que 50% não sobrevivam até ao final do século, lê-se numa nota sobre o espetáculo.

Ameaçadas estão, segundo a equipa artística do espetáculo línguas como a gestual portuguesa, o minderico, o aragonês, o barranquenho e o mirandês.

Brasileiro, Alex Cassal “aterrou” num território desconhecido – “não sabia que havia outras línguas em Portugal”, como confessou na conversa de artistas com residentes, no Festival Materiais Diversos.

Com Paula Diogo, três atrizes de língua portuguesa e origens diversas e uma cineasta que foi registando as residências em formato Super 8, “bitola em extinção para registar línguas em extinção”, a passagem pelos lugares resultou na recolha de “vestígios”, dezenas de horas de gravações áudio e “muitas histórias para encaixar num espetáculo de hora e meia”, num desafio para “transformar tudo isso em algo que pode vir a interessar a outras pessoas”.

Numa conversa inicial entre os dois, e porque se falava em línguas em extinção, surgiu a imagem “daqueles filmes, histórias do fim do mundo, em que caiu um cometa ou uma praga e tem um grupo de sobreviventes que ficou andando de um sítio para o outro e pegando o que necessita para sobreviver, tentando se manter naquela paisagem arrasada”, disse Alex Cassal à Lusa.

“Então a gente imaginou que esse grupo de atrizes podia ser uma espécie de trupe de artistas num mundo onde as línguas todas foram extintas, pegando o que sobrou, uma palavra aqui, uma história ali, uma gravação que sobrou e elas iam pelas comunidades e apresentavam esses números, esses pequenos espetáculos, feitos no fim das contas de pedaços, nunca ia estar completo”.

Para Alex Cassal, tratou-se de um trabalho de pesquisa que mais do que resgatar algo visou explorar possíveis cenários futuros.

“A menor língua do mundo” tem texto e encenação de Alex Cassal e Paula Diogo e é interpretado por Bibi Dória, Sílvia Filipe e Zia Soares. A direção musical é de João Lopes Pereira.

A cenografia é de F. Ribeiro, o desenho de luz de Wilma Moutinho e a assistência de cenografia de Elsa Mencagli.

Leonor Castro Guerra é a responsável pelo registo audiovisual.

A peça é uma produção da Materiais Diversos com a colaboração dos teatros nacionais S. João (Porto) e D. Maria II (Lisboa).

Na sala Estúdio do D. Maria II, “A menor língua do mundo” pode ser vista à quarta-feira e sábado, às 19:30, à quinta e sexta, às 21:30, e, ao domingo, às 16:30.

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