Os últimos quatro anos de vida Hector Garcia Jr. foram acompanhados pelo jornal Express News. Aos 6 anos, este norte-americano já era o ‘gordo’ da turma. Chegou a pesar 288 quilos. Em dezembro do ano passado, levantou-se pela última vez, num desesperado pedido de ajuda.

Os últimos quatro anos da vida de Hector Garcia Jr. estão a fazer mais na luta contra a obesidade do que qualquer campanha por uma alimentação cuidada. Tudo porque a jornalista Jessica Belasco e a fotógrafa Lisa Krantz, do jornal Express News, acompanharam o final da luta deste homem que chegou a pesar 288 quilos.

Quando tinha 6 anos, Hector queria ser um piloto de aviões militares, mas já era ridicularizado pelos colegas por ser o ‘gordo’ da turma. Nesses tempos, não havia a informação sobre a importância de uma boa alimentação como atualmente acontece. Elena Garcia, a mãe de Hector, casou aos 14 anos e cedo teve de alimentar seis filhos, acabando por abusar de produtos com altos valores calóricos.

O então jovem norte-americano, que sofria também de propensão genética para a obesidade, entrou em depressão, uma vez que os colegas ‘normais’ o punham de lado e gozavam com ele.

“A comida nunca me rejeitou”, contou Hector, numa das muitas conversas com Jessica Belasco: “A comida nunca me respondeu mal, nunca me insultou. Passou a ser o meu conforto”.

O jovem tornou-se num homem com obesidade mórbida, optando por uma cirurgia de redução de estômago quando chegou aos 30 anos. A operação levou-o a perder 100 quilos, mas o ‘efeito sanfona’ fez com que esse peso regressasse com consequências dramáticas: os joelhos começaram a ceder ao excesso de peso, levando a que Hector fosse submetido a uma outra cirurgia.

“Ele veio ao mundo com a sorte contra ele”, explicou Thomas Wadden, psicólogo e diretor do Centro de Peso e Doenças de Alimentação da Universidade da Pensilvânia: “Se este indivíduo tivesse nascido no Afeganistão ou no Iraque, ele provavelmente seria uma das pessoas mais gordinhas por lá. Só que eles não têm o mesmo acesso à comida nem campanhas de marketing multimilionárias que, aqui, o levaram a pesar 200 quilos”.

Hector Garcia Jr. acabou por nunca sair de casa dos pais, nem constituir família, o que agravou o quadro depressivo que sempre apresentou. “É difícil lutar pela vida quando eu sinto que minha vida não é uma vida. É existência e isso não é o suficiente para mim”, explicou.

Jessica Belasco e Lisa Krantz acompanharam os últimos quatro anos da luta deste obeso mórbido. A 8 de dezembro do ano passado, Garcia levantou-se do sofá especial em que vivia e caminhou pela última vez.

Num desesperado pedido de ajuda, foi até a porta da frente avisar a mãe de que não conseguia respirar. Morreu devido a complicações causadas pela obesidade.

Deixou para o mundo uma mensagem expressa nas fotos de Lisa Krantz: a obesidade mórbida é um grave problema de saúde e que afeta mais de 500 milhões de adultos em todo o mundo.