A realidade impôs a confissão: Portugal pode falhar a meta fixada para o défice orçamental. A redução das receitas fiscais originaram um desvio “abaixo do esperado” que “não é positivo”, como confessou o ministro das Finanças, Vítor Gaspar.
Portugal está com dificuldade para manter o défice orçamental controlado, apesar das verbas extraordinárias trazidas pela troika. Isto porque a receita fiscal está em queda acentuada, em consequência do aumento brutal do desemprego e da cada vez maior fragilidade do tecido empresarial. Para além disso, o ataque continuado dos mercados à moeda única têm bloqueado as exportações, apesar duma tímida tendência de subida.
Contas feitas, o Orçamento do Estado pode ter sido demasiado otimista. A realidade obrigou o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a admitir um “aumento significativo dos riscos e incertezas que estão associados às perspetivas orçamentais”. Presente no Luxemburgo, o governante teve de antecipar a divulgação dos dados de execução orçamental nos primeiros cinco meses, realçando que a meta de 4,5 por cento do PIB traçada para o défice pode, afinal, não ser atingida.
Confessando que as receitas fiscais ficaram “abaixo do esperado”, Vítor Gaspar foi ainda forçado a admitir que o atual rumo da execução orçamental “não é positivo”. Em particular, o ministro aludiu à prestação das receitas em sede de IRC, que registaram “uma evolução menos favorável do que se esperava em resultado dos menores lucros das empresas neste contexto de recessão prolongada”.