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A diferença entre Portugal e a Grécia? “Um ano de atraso”, responde Freitas do Amaral

freitas do amaralPortugal vai precisar de pedir mais pacotes de resgate financeiro, alerta Freitas do Amaral, que vê o país “a seguir o caminho da Grécia com um ano de atraso”. A receita da austeridade “vai ser sempre pior”, mas com uma agravante: “o sistema político português está bloqueado”.

A receita da austeridade “está errada” e vai levar Portugal a pedir “um segundo, um terceiro, um quarto e um quinto” pacotes de resgate financeiro, defendeu Freitas do Amaral. O antigo ministro socialista e fundador do CDS comparou mesmo o país à Grécia, salientando uma única diferença: “um ano de atraso”.

Enquanto a receita “errada” da troika “não for modificada vai ser sempre pior”, “um caminho cada vez mais fundo”. Numa conferência organizada pelo deputado Ribeiro e Castro (CDS-PP), Freitas do Amaral traçou um cenário negro para Portugal ainda sem solução, pois “o sistema político português está bloqueado”.

O Governo “não é capaz de retificar um único erro, não é capaz de negociar com voz grossa com a troika e com as potências que estão por trás da troika”, o Presidente da República “entende que não deve intervir”, a Assembleia da República “não tem capacidade para destituir o Governo” e um dos partidos da maioria, o CDS, “foi entalado e não pôde demarcar-se do PSD, como chegou a desejar”, explicou o antigo candidato presidencial.

A única solução possível terá de passar pela realização de eleições antecipadas, o “único sinal de esperança em democracia quando um governo governa mal”, como descreveu Freitas do Amaral. Mas quando? “Não digo que devam ser feitas agora, temos de discutir e votar o Orçamento. A partir de janeiro, no momento em que o Presidente da República, as forças políticas e o Conselho de Estado entenderem que é mais oportuno para o país”.

Na conferência, o promotor, Ribeiro e Castro, lembrou que “nos últimos seis anos de Governo do PS a dívida pública duplicou”, de “um pouco mais de 80 mil milhões de euros para uma dívida acima dos 170 mil milhões de euros”, para dar “a dimensão da insustentabilidade em que o PS colocou o país”. A crítica política serviu para exigir que o partido de José António Seguro “não seja o destruidor do Estado social como foi o seu coveiro de facto”.

“Não se corta quatro mil milhões porque apetece. Corta-se quatro mil milhões porque não os temos. Olhemos para o Orçamento deste ano. Este orçamento tem um défice de 7500 milhões de euros, são 7500 milhões de euros que nós não temos e que vão agravar a dívida. Teve ainda de recorrer a um agravamento de impostos de quatro milhões de euros”, defendeu o deputado centrista.

Em causa estava a discussão de um Orçamento “11.500 milhões acima das possibilidades”, espelho de um Estado que “pesa tanto que gera uma economia pés de chumbo”. “Por isso é que os jovens não têm emprego, por isso é que os velhos têm o seu futuro cada vez mais apertado. Nós temos de resolver este problema, só conseguimos ter um Estado social se ele puder ser duradouro e sustentável, se não penalizar a criação de emprego, se não gerar recessão”, argumentou Ribeiro e Castro.

Se o deputado centrista explicou a necessidade do corte de quatro mil milhões de euros na despesa do Estado em 2014, o fundador do CDS criticou a “tentativa de impor uma solução preconcebida a quem não concorda com ela”. “Se o Governo desejasse abrir um diálogo sério sobre as funções sociais do Estado, não diria no primeiro dia que é preciso cortar a título permanente quatro mil milhões de euros”, disse Freitas do Amaral, já depois da conferência.

Criticando o termo “refundação” proposto pelo primeiro-ministro, o anitgo ministro socialista elogiou o PS por recusar a “mutilação do Estado social”, deixando uma crítica aos líderes do partido que fundou, o CDS: “se houvesse um partido democrata-cristão autêntico também recusaria”.

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