Se gosta de coscuvilhar, saiba que a sua saúde agradece. E o seu patrão também, porque aumenta a produtividade. De acordo com diversos estudos norte-americanos, partilhar informações privadas tem efeitos benéficos, do mesmo modo que guardar segredos pode provocar-nos preocupações e, em casos extremos, tornar-nos obsessivos. Contar os nossos segredos faz bem à saúde.
Falar da vida dos outros é algo que todos censuram, mas que ninguém dispensa. E isso sucede porque a vida dos outros entra na nossa esfera, afetando-nos. Por isso, partilhamos muita informação de terceiros. É a chamada “coscuvilhice”.
Segundo alguns estudos norte-americanos, ser coscuvilheiro pode ser benéfico para a saúde, uma vez que nos liberta de preocupações e permite-nos encontrar num ombro amigo a reação que desejamos: compreensão.
Por outro lado, guardar segredos provoca o processo inverso. O ser humano guarda para si os problemas, não conta o que o preocupa, deixa que a esfera dos outros toque no nosso privado sem reagir.
Michael Slepian, investigador da Columbia Business School, nos EUA, e coautor de um dos estudos, resume que “quanto maior é a nossa preocupação com um segredo, mais recursos cognitivos desperdiçamos”.
Este processo gera “perda de motivação” e “menores níveis de energia”, o que afeta o nosso dia a dia, mesmo no trabalho. “Estes efeitos refletem-se na nossa produtividade”, salienta Slepian.
O investigador dá como exemplo a libertação que sentimos quando contamos algo que nos importuna. Sobretudo em casos de grande intimidade, como a nossa orientação sexual, os problemas de saúde que ocultamos e até mesmo a nossa realidade financeira – nem sempre de acordo com a imagem que se transmite.
Quando falamos de tudo e de todos não enfrentamos estes problemas. O típico coscuvilheiro abre-se com maior facilidade e reforça as suas relações com terceiros.
Contar os nossos segredos faz bem à saúde. Nem que seja num fórum na Internet, perante uma pessoa em quem não confiamos. Libertarmo-nos deles também ajuda e podemos fazê-lo, por exemplo, com recurso à escrita num diário.
Esta investigação liderada por Michael Slepian mereceu honras de publicação na revista científica Social Psychological and Personality Science.