Quando Juan Carlos pegou na caneta, já sabia que seria a última assinatura enquanto Rei. O ainda chefe de Estado da Espanha assinou a lei da abdicação, que confirma a renúncia do monarca para que, daqui a horas, o filho Felipe seja o novo Rei.

Rei morto, rei posto: ou, na versão espanhola, rei que assina, rei posto. Juan Carlos, o monarca de Espanha, já assinou a lei da abdicação, a mesma que diz que deixa de ser o Rei e passa o trono ao filho, que daqui a horas (amanhã) será Felipe VI.

O ato deixou de ser uma mera formalidade porque, na história da monarquia constitucional espanhola, nunca um Rei abdicara.

A ‘passagem de testemunho’ ficou assinalada com um gesto simbólico: depois de assinar a lei, Juan Carlos abraçou o sucessor, o príncipe Felipe, de 46 anos, e cedeu-lhe a cadeira, como relatou o El Mundo.

A assistir ao momento, que decorreu na Sala das Colunas do Palácio Real, em Madrid, estiveram a rainha, a princesa Letizia, as netas filhas Leonor e Sofia, as irmãs do Rei e 160 representantes das instituições do Estado.

Ao evento só faltaram os presidentes das regiões que reclamam a independência: a Catalunha (Artur Mas) e o País Basco (Iñigo Urkullu).

A confirmação da promulgação levou também a assinatura do primeiro-ministro, Mariano Rajoy. Amanhã, o texto é publicado no Boletim Oficial do Estado, tornando-se oficial.

Isto também significa que, assim que o relógio marque a meia-noite, o agora príncipe das Astúrias será o Rei de Espanha: Felipe VI.

Durante o dia, o futuro monarca será aclamado no Parlamento e discursará pela primeira vez como chefe de Estado espanhol. De seguida, deverá desfilar pelo centro da capital.

A importância deste momento para a monarquia espanhola levou as autoridades a proibir uma manifestação convocada por republicanos.

Como curiosidade, refira-se que, à margem da cerimónia, Juan Carlos conversou com Rajoy sobre o Mundial e defendeu que Portugal foi prejudicado contra a Alemanha.