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3 projectos megalómanos da União Soviética que nunca foram concretizados

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Todos nós sabemos que os Russos têm a mania das grandezas. Aliás, mesmo que já nos tivéssemos esquecido Putin fez questão de reafirmar isso mesmo na actual crise da Crimeia.

Mas se actualmente a loucura e a imaginação dos russos está mais ou menos controlada o mesmo não acontecia no passado, quando ainda todos lhe chamávamos União Soviética, ou URSS. Esta semana falo-vos de três projectos de proporções tão épicas que nunca sequer chegaram a ver a luz do dia. Em boa verdade um deles chegou a ser realizado, mas acabou por não ser utilizado. Curioso? Então vá buscar aquela garrafa de vodka puro que tinha guardado para uma ocasião especial e prepara-se para três projectos completamente insanos.

1 – Palácio do Povo

Em 1931, Estaline ordenou que a maior catedral ortodoxa cristã do mundo, com mais de 100 metros de altura e fruto de mais de quarenta anos de trabalho dos camponeses russos, ser dinamitada para que ele pudesse construir um enorme “Palácio do Povo” para celebrar o Partido Comunista. Estaline queria substituir a igreja com uma nova estrutura que seria mais alta do que o Empire State Building, e que no topo teria uma estátua dourada de Lenine. Esta seria ainda mais alta do que a Estátua da Liberdade. Uma construção destas dimensões e com tamanho significado seria uma afirmação do poder da União Soviética, algo que iria afectar indirectamente os restantes países europeus e os Estados Unidos da América.

Conseguem imaginar o impacto que tal obra teria nos cidadãos da URSS e nos restantes países estrangeiros? Ainda bem que conseguem imaginar, porque esta obra nunca chegou a ser concretizada. Embora a primeira fase tenha sido concluída (digamos que dinamitar a cátedra ortodoxa cristã foi a parte fácil), a construção nunca chegou sequer a começar dado que os recursos necessários foram desviados para o combate da Segunda Guerra Mundial.

Ora após a morte de Estaline o seu sucessor, Khrushchev, mudou de ideias e rejeitou o plano anteriormente alinhavado. Em vez de um “Palácio do Povo” naquele local surgiu uma piscina de dimensões épicas, contudo incomparavelmente mais pequena do que o plano original.

2 – Um parlamento com design vanguardista

Desenhado por Vladimir Tatlin em 1920, o Monumento para a Terceira Internacional era uma gigantesca estrutura de ferro em espiral para albergar o novo parlamento soviético.

Mais alto que a Torre Eiffel (e do que o Empire State Building que seria construído logo de seguida) em mais de trezentos metros, esta estrutura em forma de funil era para incluir três áreas de montagem sucessivamente menores (girando em diferentes velocidades, mais rápido ou mais lento consoante a sua importância e necessidade).

O nível inferior era um cubo gigante para delegados da Internacional Comunista de todo o mundo e iria girar uma vez por ano. Logo acima encontrava-se uma pirâmide de pequenas dimensões que giraria uma vez por mês e que iria receber os executivos do Partido Comunista.

O terceiro nível, uma esfera que iria girar uma vez por dia, teria como função receber a área da comunicação, ou seja toda a propaganda da URSS (incluindo uma estação de rádio e um ecrã de cinema). Felizmente, ou infelizmente, a estrutura teria exigido mais ferro do que toda a União Soviética produzia num ano inteiro e nunca foi construída. Consegue imaginar uma estrutura deste tipo? Eu também não. Uma coisa não podemos negar: os soviéticos tinham uma imaginação muito fértil.

3 – O Canal Mar Branco – Mar Báltico

250px-White Sea Canal mapO terceiro projecto aqui apresentado é o único que esteve perto de atingir o sucesso imagino pelo seu criador. Desta vez Estaline queria ligar o Mar Báltico, mais concretamente o importante porto de Leninegrado, ao Mar Branco, que é como quem diz ao porto de Archangelsk. O objectivo era poder mover livremente a sua frota marinha consoante desejasse, algo que lhe daria muitas mais opções estratégicas em caso de guerra ou de um ataque surpresa.

A obra foi realizada por presos políticos que estavam nas gulags (que eram uma fonte de trabalhadores praticamente infinita) e depois de alguns anos de trabalho constante a obra foi efectivamente concluída em 1933. E aqui reside a quota-parte de sucesso deste projecto (se bem que ás custas do trabalho forçado).

Mas para que a obra fosse concluída foi necessário que mais de 2500.000 trabalhadores morressem devido às condições de trabalho desumanas, à má nutrição e às várias doenças de que foram alvo.

{loadposition inline}Contudo o final desta história não é o esperado. Embora o canal tenha sido concluído a verdade é que…ele foi totalmente inútil. Sabem porquê? Porque na maioria do seu percurso ele é tão estreito e tão pouco profundo que não permite a passagem de nada maior do que um pequeno barco a remos.

A história tende a repetir-se vezes sem conta, ainda que possam mudar os protagonistas, e as situações. E a União Soviética/Rússia deu-nos provas suficientes das proporções bíblicas do seu ego. O episódio da Crimeia é apenas mais um de uma lista demasiado longa onde o final é sempre mais ou menos o mesmo. A verdadeira questão é: até onde está Putin disposto a ir para salvaguardar o “seu” povo? Poderá ser este o início de uma III Guerra Mundial ou o bom senso irá imperar?

Para o bem de tudo, e todos, esperemos que exista bom senso em grandes quantidades para aqueles lados, caso contrário entramos numa nova crise ainda antes de sairmos desta. Olhem como diziam os meus avós: “a falar é que a gente se entende!”

Boa semana.
Boas leituras.

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