3 de setembro, nasce Alves dos Reis, o maior burlão português
Hoje recordamos Alves dos Reis, que levou a cabo a maior falsificação de notas de banco da História, numa burla gigantesca, em 1925. Alves dos Reis nasceu a 3 de setembro de 1898.
É considerado o maior burlão português (e um dos maiores do mundo), que viveu uma vida de falsificações e mentiras. Artur Virgílio Alves Reis – membro de uma família com grandes problemas financeiros – tentou formar-se em engenharia, mas não conseguiu terminar o curso.
O pai faliu e Alves dos Reis emigrou para Angola, para escapar à humilhação, pela mudança de estatuto social. Fez-se passar por engenheiro, forjando um diploma de Oxford, que lhe conferia formação académica em dezenas de áreas. Tornou-se rico, comprando a maioria das companhia de Caminhos de Ferro Transafricanos de Angola, com um cheque sem cobertura.
Alves dos Reis regressa então a Lisboa, em 1922, e compra uma empresa de revenda de automóveis norte-americanos. E as burlas sucedem-se: adquire a Companhia Ambaca, de novo com cheques sem cobertura. Esta burla permite-lhe encaixar 100 mil dólares, dinheiro usado para comprar a Companhia Mineira do Sul de Angola.
Até que as autoridades descobrem as falsificações e esquemas de Alves dos Reis, que é detido. Esteve preso durante 54 dias e durante este período idealiza a sua maior burla de sempre: falsificar um contrato em nome do Banco de Portugal, para conseguir notas falsas, ainda que impressas com a mesma qualidade das verdadeiras e numa empresa legítima.
Alves dos Reis contactou cúmplices, portugueses e estrangeiros, e elaborou um contrato falso, que foi reconhecido notarialmente e validado pelos consulados de Inglaterra, Alemanha e França. Traduziu o contrato e falsificou assinaturas da administração do Banco de Portugal.
A empresa ‘Waterlow & Sons Limited’ imprimiu 200 mil notas de 500 escudos (cerca de um por cento do PIB português da altura), efígie Vasco da Gama chapa 2, com data de 17 de novembro de 1922. O número total de notas falsas de 500 escudos era quase tão elevado como o de notas verdadeiras que circulavam, à data.
Com essa fortuna, adquiriu propriedades, joias e outros bens. Tentou controlar o próprio Banco de Portugal e até comprar o jornal Diário de Notícias. Alves dos Reis continuou a sua saga de corrupção, numa altura em que ecoavam rumores de que havia notas falsificadas em circulação.
A burla é revelada no jornal ‘O Século’, a 5 de dezembro de 1925. Inspetores do Banco de Portugal detetam uma nota duplicada e tomam diligências para que outras notas fossem retidas.
Alves dos Reis volta a ser preso a 6 de dezembro, com 28 anos de idade, quando tentava regressar a Angola, a bordo de um barco. Antes de ser julgado e condenado (20 anos de prisão), tentou suicidar-se.
No julgamento, afirmou que o seu objetivo era desenvolver Angola. O maior burlão português viria a morrer em a 9 de julho de 1955.
A viagem pelo dia 3 de setembro tem outras paragens. Neste dia, em 1384, termina o Cerco de Lisboa (crise de 1383-1385).
Já a 3 de setembro de 1758, D. José I escapa a uma tentativa de regicídio, da qual resulta o Processo dos Távoras.
Em 1783, é reconhecida a Independência dos EUA e em 1939 Inglaterra e França declaram guerra à Alemanha de Hitler.
Também neste dia, em 1976, a sonda Viking II aterra em Marte. Na Internet, nasce o eBay, em 1995.
Nasceram a 3 de setembro Ferdinand Porsche, empresário austríaco, fundador da Porsche (1875), António Sérgio, pensador português (1883), Alves dos Reis, um dos maiores burlões da história portuguesa (1898), Carl David Anderson, físico norte-americano (1905), Kenzo Tange, arquiteto japonês (1913), Ryoji Noyori, químico japonês (1938) e Charlie Sheen, ator norte-americano (1965).
Morreram neste dia Vicente de Santo António, santo português, martirizado em Nagasaki (1632), Ivan Turgeniev, escritor russo (1883), Jean Rostand, biólogo, filósofo e historiador francês (1977), Frank Capra, realizador norte-americano (1991) e Fernando Távora, arquiteto português (2005).