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25 de Abril: Otelo acusa coligação de emitir “certidão de óbito”

otelo 210oteloOs valores do 25 de Abril morreram às mãos deste Governo, acusou ontem Otelo Saraiva de Carvalho. “Esta coligação está a passar, linha a linha, a certidão de óbito ao 25 de Abril”, afirmou o ex-militar, acrescentando que o executivo tem feito de tudo para evitar “ser exposto”.

Há quem defenda que ‘falta cumprir Abril’, mas para Otelo Saraiva de Carvalho o problema é ainda mais grave: os “valores” que levaram à mudança de regime em 1974 morreram às mãos deste Governo, que agora pretende assinar “a certidão de óbito”.

“Esta coligação está a passar, linha a linha, a certidão de óbito ao 25 de Abril. É contra esse avanço da direita que está a procurar fazer esquecer o 25 de Abril e a relutar em diligenciar por cumprir valores de Abril, é contra isso que nós estamos a lutar e estamos a procurar reverter a situação”, afirmou Otelo, à margem de uma sessão comemorativa dos 40 anos do 25 de Abril em Gondomar.  

Cumprido o ‘crime’, o Governo pretende agora evitar “ser exposto”, defendeu o mesmo militar que, em 1974, coordenou o Movimento das Forças Armadas (MFA). Assim se explica, segundo Otelo, que o Parlamento tenha impedido um representante da Associação 25 de Abril de intervir na sessão solene que será realizada na Assembleia da República.

“Há um receio, por parte dos dirigentes, daquilo que pode ser a crítica dos homens de Abril” ao atual regime político. “Há medo, por parte do Governo, de ser exposto pelos capitães de Abril”, insistiu Otelo.

Atualmente na reforma, o antigo coronel reforçou que “esta coligação” impediu os ‘capitães de Abril’ de falarem no Parlamento para que não seja referido “aquilo que foi alcançado e aquilo que ficou por fazer, que é muito”.

Otelo não tem dúvidas: “estão a criar-se condições que permitem, de facto, o surgimento de uma nova ditadura de direita”, facilitadas por um povo “sereno, humilde e submisso” que mantém “o culto do respeitinho”.

Apesar dessas “condições” e do “medo” que diz ter regressado à sociedade portuguesa, o antigo operacional do MFA não acredita que seja possível um novo 25 de Abril. “As circunstâncias são completamente diferentes: não há guerra colonial e não há serviço militar obrigatório”, justificou.

“Entre nós, os das gerações que fizeram o 25 de Abril e nas poucas que se lhe seguiram depois, existe essa revolta porque aquilo com que sonhamos para o povo que é o nosso não foi alcançado, na totalidade, pelo menos”, argumentou Otelo.

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