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25 de Abril

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Vivi o 25 de Abril, ainda era muito novo, tinha 16 anos. Nunca andei metido em política, este meu interesse apegou-se-me, muito mais tarde.

Repudio qualquer forma de ditadura e nunca negociarei a minha liberdade. Se vivesse numa ditadura com toda a certeza teria problemas com o poder vigente. Teria que emigrar ou procurava ajudar a derrubar esse poder tirano.

Como dizia Winston Churchill: “A democracia é a pior forma de governo imaginável, à excepção de todas as outras que foram experimentadas”.

O que tem acontecido depois de 41 anos de democracia é mau demais para ser verdade. Dizer que a democracia está em crise não é novidade, há muito que se diz que a democracia está doente.

Todavia a democracia sempre demonstrou a sua força e capacidade de adaptação, a democracia já sofreu enormes transformações. A democracia nunca foi um assunto exclusivo de eleições, leis e procedimentos, precisa de confiança e legitimação.

As democracias europeias basearam-se na liberdade de expressão, equilíbrio entre poderes e de controlos institucionais. A nossa democracia não fugiu à regra. Para a maioria de nós, democracia era sinónimo de modernização, crescimento económico e realização pessoal. Porém actualmente nada disto se passa.

O controlo sobre as pessoas é cada vez maior, o equilibro de poderes é uma balela. Há a força dos poderes financeiros e os controlos institucionais falham. As desigualdades sociais, geracionais e entre grupos sociais crescem sem parar.

Há problemas relacionados com a democracia, com a sua vitalidade, com a sua capacidade para satisfazer as necessidades dos cidadãos, com o medo, com a corrupção. A democracia, que queremos que seja, não é esta, e muito menos como vai ser

Não se pode meter a mão no que é de todos. É preciso ter uma guia para educar a sociedade. A corrupção não tem que ver com a instrução mas com a moralidade.

Há que educar a sociedade em que o que é público é sagrado. Que não se pode meter a mão no que é de todos. O problema que temos é que alguém pense que o dinheiro de todos não é de ninguém.

Esta sociedade é injusta e deve ter a segurança que a justiça funcione como parte do sistema.

O delito é a principal violação do direito dos demais quando é contra as Finanças Públicas é contra o dinheiro de todos.

A democracia tem que fazer valer que qualquer cidadão tenha uma vida livre, autónoma e essencialmente digna. O pior delito é o que toca a dignidade.

Como dizia Sá Carneiro, “os portugueses têm o direito de saber, naturalmente, para onde vamos e quando chegaremos”.

E não me canso de dizer que é preciso criar um ministério de Entendimento. Os políticos têm que se entender e terem um compromisso nacional. Há uma aridez e virulência no conflito ideológico muito grande. A dificuldade dos portugueses se entenderem e fazer acordos é gritante. Há uma tendência para a deslegitimação do outro que é surpreendente.

Como refere Lula da Silva, “a política, nos momentos difíceis, deve reunir as pessoas competentes para tomar decisões em comum”. Estamos a viver um momento muito difícil: crise de regime, crise económica e crise de valores.

E estou de acordo com o que dizia Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

Se não nos pusermos de acordo para mudar esta democracia e fizermos o favor de nos incomodarmos com este estado de coisas, a democracia vai sucumbir.

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