Uma menina argentina de 17 anos tornou-se num exemplo de coragem para muitas vítimas de abusos sexuais (e outros). Micaela é violada desde os 4 anos e criou uma página no Facebook, “Por uma infância sem dor”, para denunciar o agressor: o próprio pai.

Micaela. Uma menina de 17 anos tornou-se numa heroína contra a violência por ter tido a coragem de assumir que é vítima de abusos sexuais, desde há 12 anos, e revelar publicamente o agressor: o próprio pai.

A página ‘Por una infancia sin dolor’, que pode ser traduzida à letra para “Por uma infância sem dor”, tornou-se agora numa autêntica comunidade de apoio às vítimas e de alerta contra um problema que pode estar a ocorrer na casa ao lado.

“Para quem não me conhece: chamo-me Micaela, tenho 17 anos e sou da Argentina, Buenos Aires. Como muitos de vocês, sou também uma sobrevivente de abusos sexuais por parte do meu pai”, apresenta-se a menina argentina.

A adolescente criou a página para frisar que “os meninos que não querem beijar ou abraçar alguém não têm de o fazer”, como legendou numa foto em que surge presa nos braços do pai (ambos com a cara desfocada).

“Começou quando tinha 4 anos, mais ou menos, com uma coisa tão inocente como um urso de peluche”, recordou: “Ele tinha um gorila de peluche e eu uma ursinha. Ele dizia que eram namorados e que me ia ensinar a brincar”.

“Posso dizer a todos os sobreviventes que não se calem. A mim, custou-me muito a perceber que não tive culpa e que a vergonha deve ser tida pelo nosso agressor”, insiste Micaela.

Após 12 anos de abusos, a vítima só conseguiu denunciar o próprio pai no ano passado,d epois de uma intervenção por parte dos responsáveis da escola, aos quais ficou “eternamente agradecida”.

Micaela e a mãe saíram de casa e, numa entrevista ao La Crónica, admitiu que a mãe receia que o pai seja preso: não porque o agressor não mereça, mas porque poderá deixar de pagar a pensão de alimentos.

Aos adultos, a menina deixa uma mensagem importante: “As crianças dão sinais de que estão a ser abusadas, apenas há que aprender a entender a linguagem do silêncio”.